Integrante do histórico time de futsal do Panela, o ex-jogador Ronaldo Guerreiro recorda um curioso tabu contra o São Paulo, seu time do coração, no futebol de salão.
Boteco – Qual foi seu jogo inesquecível no campo?
Ronaldo – Lembro contra o São Paulo, pelo Davoli, juvenil. São Paulo veio com um timão, na época tinha o Barbirotto goleiro, Airton lateral, foi profissional depois. Um dia de chuva, eu tava careca da faculdade e no salão eu tinha estropiado o joelho. Na foto, de antes do jogo, eu estou com o joelho cheio de esparadrapo. Começou 1 a 0 pro São Paulo, na época usava uma jogada… Em vez do goleiro dar o tiro de meta, fingia que ia dar e jogava para um que abria bem na lateral da área. Jogada boba… O outro vinha buscar e devolvia, o goleiro podia pegar com a mão e ia mais para frente chutar. O Barbirotto jogou e o ataque nosso apertou. Eles desesperaram, o Airton tirou a bola, jogou pro meio. Eu tava bem no meio-campo, no círculo. E a bola veio gostosa, redondinha e os dois no canto da área. Do jeito que veio, eu peguei, a bola foi correndo, molhada, saiu o goleirão correndo, bem no cantinho. Aí ficou 1 a 1. Mas daí o preparo físico não dava para comparar, perdemos de 3 a 1, tinha o irmão do Mirandinha centroavante também que jogava.
Boteco – E como foi a sensação de fazer gol no São Paulo?
Ronaldo – Ah, fazer gol é gostoso… Nós jogamos salão 3 vezes contra o São Paulo. Quando tá jogando, todo mundo quer ganhar. No salão, nunca perdemos pro São Paulo, empatamos 2 e ganhamos 1. Tem esse tabu, mas o coração é f…, né? Depois fica pedindo camisa, aquelas coisas…
Boteco – O que você lembra de curioso contra o São Paulo?
Ronaldo – Foi muito gostoso, entrar e ver a camisa do São Paulo. O primeiro foi bem disputado. Eu consegui trazer através do Real Bragança, então o São Paulo fez um precinho porque era indicação do Rubão presidente. Um jogo de festa aqui, deu um rolo no meio da imprensa, política, que tinha carro na rua anunciando, São Paulo contra seleção de Mogi. Aí essa seleção deu um rolo, porque queriam que pusesse não sei quem, não sei quem. E era a gente que ia jogar. Eu que consegui trazer, o Alemão ajudando, Ricardo Brandão. Aí fomos pro jogo. Todo mundo: vai ser goleada. E no fim foi 2 a 2.
Boteco – O salão tinha a atenção toda da cidade?
Ronaldo – Nesse cobraram ingresso até. Depois o São Paulo voltou porque teve um torneio quadrangular: Água Branca, a gente, Ponte Preta e São Paulo. Perdemos para Ponte nos pênaltis. E o São Paulo perdeu pro Água Branca. Foi engraçado, eles dormiram aqui sexta-feira, no Hotel Brasi, e o jogo ia ser à tarde. De manhã fomos tudo pro Recanto, pessoal do São Paulo, do Água Branca. E o pessoal do São Paulo já tava mais animadinho, tomando sol.
Boteco – Tomaram uma cervejinha também?
Ronaldo – Eu acho que eles não.
Boteco – Vocês sim?
Ronaldo – Nós sim (risos). Sei que do Água Branca os diretores não deixaram os meninos tomarem sol, não pode ficar no Sol, Sol amolece, depois não rendem, dá moleza. Pra gente não dava nada, já tinha tomado uma caipirinha. Aí fomos pro jogo contra o São Paulo (disputa do 3º lugar). Deu a saída, cara deu um bico do meio, Xexa não tava prestando muita atenção, gol. Aí deu a saída, fiz a mesma coisa, 1 a 1. Ganhamos, 3 a 1. Será que porque eles tomaram sol? Nós tomamos sol, cerveja, caipirinha… Aí outra vez, amistosinho, empatou 1 a 1, então tem o tabuzinho…
Boteco – Ronaldo volta para recordar curiosidades sobre as origens e personagens do Panela, histórico time formado por amigos e integrantes da família Guerreiro.