Muitas das atuais ruas de Mogi Mirim, ao longo dos tempos, tiveram diversas denominações até chegar aos atuais nomes. É o caso das duas que vamos apreciar, com detalhes bastante curiosos.
Rua da Via Sacra
É a sétima rua aberta em Mogi Mirim, com mais de dois séculos de existência! Seu nome se deve ao grande religiosismo dos mogimirianos, numa época em que mais de 95% do povo era católico. Muitos anos depois, o nome foi mudado para Rua da Alegria.
Em 16 de dezembro de 1865, o vereador João Alberto de Oliveira Prado apresentou indicação para alterar o nome para Travessa do Carmo. E, em sua proposta, detalhava: “E a primeira travessa abaixo da Igreja Nossa Senhora do Carmo”.
Em julho de 1927, o Dr. João Jorge de Siqueira Franco doou um terreno para alargamento dessa travessa, a começar da Rua Padre Roque até a Rua 13 de Maio.
Em 28 de dezembro de 1934, por ato do prefeito João Augusto Palhares, aquela via passou a se chamar Avenida Coronel João Leite do Canto. Foi uma homenagem ao ex-vereador, fazendeiro e grande benemérito mogimiriano, que legou sua grande fortuna a diversas instituições da cidade: 300 milhões de réis (trezentos contos) para a construção da nova Matriz de São José; polpudas doações para a Santa Casa de Misericórdia, para reformas na Igreja do Carmo e Igrejas do Rosário e São Benedito; construção do Asilo Cel. João Leite e para outras instituições de caridade. O povo, agradecido, mandou construir um monumento ao Coronel João Leite na Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho, ao lado do ponto de ônibus atual.
Rua Velha
É a mais antiga rua de Mogi Mirim, aberta pelos bandeirantes de Paschoal Moreira em 1719, e tem mais de 298 anos de existência! Com certeza o amigo leitor não saberá o atual nome dessa rua. Anos depois, recebeu o nome de um dos mais antigos moradores, Rua do João Adorno. Em 17 de dezembro de 1831, o vereador capitão Venâncio Maria Torriani (avô do lendário Cel. Venâncio), apresentou um requerimento propondo o nome para Rua da Bexiga, em virtude de estar naquele local o maior número de mogimirianos afetados pelo surto de varíola que atingiu Mogi Mirim naquela época.
Em 16 de dezembro de 1865, o vereador João Alberto de Oliveira Prado, apresentou indicação propondo o nome para aquela via, de Rua Municipal, explicando que essa rua dava fundos para a Várzea de Santo Antônio e onde corre o ribeirão com o mesmo nome. Finalmente, em 3 de novembro de 1882, ocorreu a quinta e última mudança de denominação! Nessa mencionada data, o vereador padre Luis José de Brito, vigário da Paróquia São José, prestou homenagem à Marciliano Ribeiro Pinto, ex-vereador que custeou e construiu a primitiva Igreja da Santa Cruz do Belém. Além disso, prestou relevantes serviços comunitários à cidade de Mogi Mirim.
Atendido o requerimento do padre Luis, foi dado a mais antiga rua de Mogi Mirim o nome de Rua Marciliano. Acresce notar um fato histórico de enorme importância: foi nessa rua, esquina com a Rua Riachuelo, e no Centro de Mogi Mirim, que nasceu a cidade e onde teve lugar a primeira missa em 1721, quando na capelinha ali existente na época, os bandeirantes do 2° Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva, assistiram missa antes de partir para os sertões de Goiás em busca de ouro e pedra preciosas. Ali, está um dos grandes locais históricos de Mogi Mirim!
Resumido: Rua da Via Sacra é a atual Avenida Coronel João Leite e a antiga Rua Velha é agora a Rua Marciliano. Quase três séculos de história!
Fontes: Antenor Ribeiro, Atas de Câmara e pesquisas do autor.
Túnel do Tempo
Em junho de 1719, a Bandeira de Paschoal Moreira, partindo de São Paulo e percorrendo a Estrada dos Goiases, adentrou o antigo Pouso do Boigi e fez uma parada no Ribeirão Santo Antônio, para refazer energias, efetuar plantações e criar gado, cuidados por alguns bandeirantes para o consumo depois de retornar de Goiás a Bandeira.
Preceitos Bíblicos
“Naquele tempo, Jesus chamou os doze e começou a enviá-los, dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado, andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas, nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura”. (Marcos, 7-10)