O Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae) fará a substituição de até 18 mil hidrômetros em Mogi Mirim nos próximos 12 meses. A informação, divulgada pela Prefeitura, foi confirmada na manhã de quinta-feira pelo presidente da autarquia, Rodrigo Sernaglia que, ao O POPULAR, revelou a intenção de trocar, em dois anos, 32 mil dos 36 mil hidrômetros distribuídos em todo o município. O serviço, até então feito por funcionários da própria autarquia, ficará a cargo da empresa LAO Indústria Ltda, responsável pelo fornecimento de 18 mil medidores, ao custo total de R$ 769.860. Já a Enorsul Serviços em Saneamento Ltda fará toda a execução dos trabalhos, ao custo total de R$ 349.920. Ambas foram selecionadas após ata de registro de preços. O trabalho de substituição terá início efetivo em abril.
A troca atende ao Programa de Controle de Perdas (PCP), implantado na cidade desde 2009, cuja meta visa a economia de água em decorrência da submedição de hidrômetros com defasagem de vida útil ou, em outros casos de menor proporção, por fraudes nos equipamentos, ocasionando registro de volume inferior àquele efetivamente consumido.
O Saae informou que todos os 18 mil hidrômetros são homologados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Os serviços serão realizados de segunda a sexta-feira, e pontualmente, aos finais de semana, em caso de moradores que não forem encontrados em dias úteis.

A Prefeitura e o Saae informaram que os registros apontam que quase 90% dos produtos estão com mais de cinco anos de operação, reforçando a necessidade de troca. “Evidencia que a capacidade de medição do volume efetivo da água consumida está comprometida e, via de regra, resulta em prejuízo financeiro”, alegou o Poder Público.
Um estudo da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento apontou que, em média, os hidrômetros tem vida útil de três anos e meio, quando a curva de medicão já começa a apontar distorções. O presidente explicou que a troca segue uma padronização dividida por fases metrológicas e baseada em aspectos como o diâmetro e medição no consumo de água. A autarquia leva em conta ainda defeitos e desgaste natural.
Rodrigo Sernaglia explicou à reportagem que nenhum munícipe será informado, com antecedência, sobre a troca. Ao chegar até as residências e demais imóveis, os funcionários autorizados pelo serviço informarão ao morador os argumentos para a troca, bem como a necessidade do serviço.
Caso o responsável não autorize o trabalho, ele será notificado e terá até 30 dias para permitir a substituição. Em caso de reincidência, o fornecimento de água poderá ser interrompido. A regularização no abastecimento, nesses casos, fica condicionada à substituição do equipamento.

Notificações
Notificações acerca da troca foram veiculadas em redes sociais e estão em posse de munícipes na cidade. Sernaglia afirmou que o documento foi entregue para aqueles munícipes que já receberam as equipes da autarquia, que antes do trabalho da empresa, ainda são responsável pela substituição, e se negaram a permitir a troca. É informado ainda que o responsável está sujeito a sofrer interrupção do fornecimento de água 30 dias depois do recebimento da notificação.
Em média, as equipes do Saae chegam a realizar a troca de 40 hidrômetros por dia, número que tem a expectativa de ser mantido com a nova empresa. Cada troca, já levando em conta o equipamento, tem o custo em torno de R$ 62, segundo o presidente.
É permitido?
A Prefeitura justifica a medida e diz ter autorização para promover a substituição na Lei Federal n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007, regulamentada pelo Decreto n.º 7.217, de 21 de junho de 2010. A Administração se baseia ainda nas diretrizes e regulamentações da Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Ares-PCJ), órgão ao qual o município é membro consorciado há anos e está sujeito à sua regulação e fiscalização de forma pontual.
Presidente admite criticas e pede antipolitização
Ciente de que o tema é visto com receio e causador de críticas por Mogi Mirim, Rodrigo Sernaglia pede compreensão à população. Em 2014, a Justiça liberou a troca do restante dos hidrômetros que havia sido suspensa à época, após ação do Ministério Público que constatou muitas variações no consumo após a substituição.

Antes da suspensão, foram instalados aproximadamente 20 mil hidrômetros na cidade. “As críticas vão existir, eu só torço para que não haja componente político nisso tudo, isso atrapalharia um trabalho sério. É uma coisa legítima, justa”, ressaltou.
O presidente condenou as reclamações pela cidade, e disse que parte do mogimiriano é mal-acostumado. A tese é reforçada pelo fato de que, mesmo com a constatação da necessidade de troca, segundo ele com hidrômetros travados, de ruim leitura de consumo e antigos, muitos insistem em negar o serviço, o que atrapalha o cronograma.