Há alguns meses o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) vem cortando agressivamente a taxa de juros básico ou taxa Selic. Com isso, essa sigla paira diariamente no cotidiano dos brasileiros e isso gera muitas dúvidas e questões. Mas afinal, o que é a taxa Selic e como ela afeta seu bolso?
A Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é a taxa de juros para empréstimos entre bancos que duram apenas um dia (operações chamadas de “overnight”) e que têm como garantia títulos públicos. De maneira mais simples, é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo governo. Em teoria ela funciona como base para os bancos calcularem seus juros. Portanto, quando o governo baixa a Selic, em tese, as taxas praticadas pelos bancos e outras instituições financeiras também devem cair. Se o governo quer estimular a oferta de empréstimos a taxas mais baixas e assim incentivar o consumo e movimentar a economia, ele reduz a Selic. Para entendermos melhor a questão da Selic e seu impacto, voltemos um pouco no tempo, mais especificamente no ano de 2015 quando a Selic chegou a mais de 14%, nessa época, com uma economia fraca e a inflação subindo forte, o governo só aumentava a taxa Selic, fazendo com que os empréstimos ficavam mais caros e as pessoas consumiam menos, freando a economia. O resultado disso foi a recessão econômica que passamos nos últimos anos e ainda passamos, porém em menor escala. Para se ter uma ideia, hoje nossa taxa Selic está em 9,25%.
De maneira positiva na maioria dos aspectos, essa queda pode afetar seu bolso diretamente ou indiretamente, demonstrando a estratégia da equipe econômica do governo, claramente, que a intenção é que a população “volte as compras”. Dependendo do perfil financeiro de cada um, um dos efeitos direto é sobre quem investe em fundos DI (fundos que aplicam seu patrimônio em títulos públicos federais do Tesouro Direto) que seguem a rentabilidade da Selic. Assim, irá reduzir a rentabilidade desse tipo de aplicação ou investimento. Já o efeito indireto e também mais impactante na grande maioria da população, é de quem toma dinheiro emprestado.
Consequentemente, leva a uma queda nas taxas de juros dos bancos e demais instituições financeiras, fazendo com que este cobre menos pelos seus empréstimos.
A queda da taxa Selic, de forma simbólica, no momento econômico que passamos, é uma boa notícia. Entretanto, mesmo sendo uma sinalização de incentivo ao consumo, é preciso ter cautela, pois o cenário ainda não é dos melhores. A recomendação é sempre pensar duas vezes antes de comprar, parcelar com juros ou adquirir empréstimos.
Felipe Vidolin, pós-graduado em Engenharia de Telecomunicações e investidor