A crise na Prefeitura parece não ter fim, e agora uma das áreas mais essenciais da sociedade é quem sofre. Sem dinheiro, o Executivo viu nesta semana um motim de setores da Saúde, com ameaças e paralisações momentâneas de médicos ligados ao Consórcio Intermunicipal de Saúde 8 de Abril, profissionais do transporte municipal e regional de pacientes e do laboratório do Centro de Especialidades Médicas (CEM). No total, 13 médicos do Consórcio Intermunicipal, oito ligados à rede básica de atendimento e outros cinco à atenção especializada, com salários atrasados, ameaçaram parar caso não recebessem.
Notando a possibilidade real na suspensão dos serviços, o que afetaria a população, a Administração Municipal teve que correr e à base do diálogo evitar uma greve dos profissionais. O objetivo é avaliar as prioridades e reduzir o máximo possível de despesas.
Para apaziguar a situação, a Prefeitura determinou a redução em 50% de todas as consultas dos médicos do consórcio a partir do dia 19. A medida afetará sete das 11 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) onde atuam os profissionais. A situação foi exposta em entrevista coletiva na tarde de ontem pelo secretário de Saúde, Jonas Alves de Araújo Filho, o Joninhas, e sua equipe técnica. Segundo ele, os médicos prestam serviço durante um mês e recebem seus salários 60 dias depois. Com a situação, a falta de pagamento já chega perto de quatro meses.
“Os médicos iriam parar por falta de pagamento, e hoje estamos em uma pressão. Temos que tentar reduzir de uma forma que afete o menos possível. A ideia é reduzir o custo para conseguir pagar o consórcio”, explicou.
Entre médicos e exames, a dívida chega perto de R$ 200 mil.
Aviso
A situação foi escancarada aos profissionais por meio de um comunicado enviado via e-mail nesta semana, em nome da própria Secretaria de Saúde. O aviso informa que cada gerente da unidade deverá conversar com o profissional do consórcio, avisar sobre a redução e comunicar os remanejamentos para os pacientes.
O problema foi denunciado pelos vereadores Luis Roberto Tavares (SDD), Maria Helena Scudeler de Barros (PSDB) e Luzia Cristina Côrtes Nogueira (PSB). Na tarde da última quinta-feira, os dois primeiros, acompanhados do assessor de Luzia, Mauro Nunes, estiveram na UBS do bairro da Santa Cruz, e tiveram ciência, por meio de funcionários, das novas medidas.
Secretário critica Maria Alice Mostardinha
De acordo com Joninhas, Maria Alice Mostardinha, ex-vereadora e profissional responsável por atendimentos nas UBSs da Santa Clara e Santa Cruz, ao receber a notícia, teria saído pelos corredores da UBS da Santa Clara e “criado um terror com os pacientes”. “Não é o comportamento mais adequado de um profissional contratado para atender a saúde pública”, disse.
Medica ginecologista, Maria Alice possuía 15 atendimentos agendados nas duas unidades e, conforme explicado pelo secretário, todos serão remanejados para outros profissionais.
Em contato com a reportagem, ela rebateu as declarações e afirmou não ter feito terror. “Tenho que dar satisfação para os pacientes. Estão justificando o injustificável”, criticou.
A saída de Maria Alice de suas funções, bancada pelo secretário, também foram contestadas por ela. “Tenho esperança que a situação possa ser revertida”, completou.