Esta semana, a Santa Casa finalmente decidiu abrir suas portas e conversar sobre a administração da Irmandade e, em alguns momentos, colocou à mesa aquilo que há tempos já sabíamos: a má gestão (ou a falta dela) colocou a entidade no patamar que está, com altas dívidas e a dispensa de centenas de profissionais que, agora, precisam se contentar em receber pouco mais da metade daquilo que teriam direito, nas negociações para saldar os atrasados.
Sem dúvida alguma, é uma medida legal e, administrativamente, feita de forma inteligente. Mas passa longe de ser uma situação que se espera de um órgão privado, presente há mais de 150 anos na área. Ao dar de ombros para profissionais que dedicaram seus tempos, trabalhando durante todo o período que fora combinado no passado, em suas contratações, chega a ser deprimente observar que os profissionais, necessitados, tiveram de aceitar a garantia, ante a incerteza. Caberia, no mínimo, um pedido público de desculpas aos profissionais.
Anuncia-se a preparação de serviços que atenderão convênios e pacientes particulares, dentro dos limites permitidos para uma instituição filantrópica. É óbvio que não se trata de inventar novamente a roda, mas qualquer administrador teria a capacidade de entender que para poder fazer gerar dinheiro seria necessário não depender dos recursos do Poder Público. Mesmo tardiamente, parece que a luz passa a mostrar um caminho.
Os planos englobam um Day Clinic, como são chamadas as clínicas que funcionam por 12 horas, onde pequenos procedimentos cirúrgicos poderão ser realizados. A estrutura, mais enxuta, representa menor investimento com funcionários e com estrutura.
Para isso, a Santa Casa precisará entrar em negociações com a Prefeitura, de modo a definir como as áreas comuns serão utilizadas daqui pra frente e como será a relação dos funcionários atuantes nas alas SUS, sob o comando da interventora, e dos novos profissionais que chegarão, contratados pelo instituto que chega prometendo salvar o hospital. Por ser uma situação inédita, essa novela ainda reserva muitos capítulos pela frente.
Um plano de saúde próprio da Santa Casa também parece ser uma boa alternativa para o hospital e para a própria população que, ao mesmo tempo em que um cidadão comum poderá contar com o auxílio de saúde, poderá contribuir com a instituição que faz parte da vida dos mogimirianos.
Que os novos planos sejam realizados, oferecendo, desta forma, uma sobrevida a uma instituição que, há 150 anos, cuida de vidas.