Santo de casa não faz milagre. Quantas vezes ouvimos esta expressão? Ela foi perpetuada de uma forma que me causa calafrios. Não é que eles não operem suas mágicas. É que nós, da casa, não damos a eles os devidos créditos. É assim no esporte mogimiriano, infelizmente.
Vou dar um exemplo. Sei à boca pequena que meu amigo, o jornalista Lucas Valério, também colunista aqui em O POPULAR, está há um bom tempo preparando um material muito legal sobre o esporte local. Entre os personagens, um que não só foi destaque no futebol nacional, lá entre as décadas de 1910 e 1920, como escreveu uma história sensacional na Seleção Brasileira. Mas você consegue imaginar quem é? Só por ter passagem na Seleção merecia ter uma praça esportiva com o nome dele. Quem sabe uma rua. Mas desconhecemos a biografia deste mogimiriano. E confesso. Eu mesmo, antes do Lucas me contar, não sabia sobre ele.
E olha que procuro respeitar estas figuras históricas. Tivemos por aqui nomes de sucesso ímpar no futebol local, como os irmãos Henrique e Hugo Stort, e outros que saíram daqui e brilharam em clubes chamados grandes, como o Paulo Davoli, zagueiro do Santos no mesmo time do Pelé. Com este meu rápido resumo, óbvio que fico em débito com outras lendas. A lista é extensa. Já o nosso culto a eles, bem menor do que deveria ser.
Até porque, o esporte não fica restrito ao futebol, não concordam? Para ficar em exemplos mais recentes, que eu pude acompanhar, digamos, “in loco”, temos um gigante do voleibol, como o Dirceu Paulino, e nomes que são respeitadíssimos no mundo do triatlo, como o Ivan Albano, o Fábio Carvalho e o Benê Pigozzi. E ainda tem treinadores fantásticos, como o Ricardo Cintra, que comandou a Poliana Okimoto no bronze olímpico dela. Sensacional!
A minha lista é longa. Já meu espaço aqui, nem tanto. Não dá para reverenciar todos eles em uma publicação, mas fica aqui o meu apelo. A sociedade mogimiriana precisa dar o devido valor a seus heróis esportivos. Estas figuras são fundamentais como referências às nossas crianças e adolescentes. O esporte muda a vida das pessoas. Pergunte a estes exemplos se não mudou a deles.
Recentemente, escrevi sobre a Mirlene Picin, um dos maiores nomes que já nasceram aqui na nossa terrinha. Mas tem mais gente. Sempre tem. Em 2021, o Luiz Filipe Guarnieri Manara vai para a sua segunda Paralimpíada. Isto é gigante demais. E o Conrado Coradi Lino, depois de bater na trave em 2016, inicia na próxima semana mais uma Seletiva Olímpica.
Amigos, de dezenas de milhares de nadadores pelo país, ele está entre os 103 que brigam de verdade por uma vaga em Tóquio. Nos 400 medley só tem ele e mais cinco. Convenhamos, ele nem precisa da vaga nos Jogos de Tóquio para receber todo tipo de congratulação. Mas, se ele não conseguir vencer ícones da natação, atletas de equipes que vivem apenas disso, há quem vai dizer que “Santo de casa não faz milagre…”.