sexta-feira, novembro 22, 2024
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Sapão do Nordeste: A versão pernambucana do Mogi Mirim

Em outubro de 1903, os pioneiros do então Mogy-mirim Sport Club não cogitavam a projeção que aquela agremiação nascida para a prática desportiva tomaria. O clube que, anos depois, assumiria o vermelho e branco como cores padrão, atravessaria fronteiras não apenas com a sua versão original. Mas também com homenagens pelo Brasil afora.

Em Recife, há um projeto que ostenta hoje um nome quase idêntico ao do ‘irmão mais velho’, além de cores, mascote e escudo replicados. O Mogi Mirim Futebol Clube foi criado em 11 de outubro de 1992 por Geraldo Nunes. Um biscateiro que hoje possui 57 anos e que já cuidou de quase 7 mil atletas em cerca de três décadas.

Situado na capital pernambucana, Recife, o ‘Mogi Nordestino’ fica exatamente no Bairro de Brasília Teimosa, comunidade localizada próximo à praia do Pina. A escolha do nome, como Geraldo conta em entrevista exclusiva a O POPULAR, teve conexão com a vinda de alguns meninos bons de bola que frequentavam a área antes de iniciar a carreira no Santa Cruz e migrarem para o Sapão da Mogiana.

Hoje, o vínculo é mínimo, mesmo que haja ainda muita torcida pelo nosso Mogi (quando este entrava em campo). Se por aqui o legado do mais que centenário MMEC está ameaçado, lá em Pernambuco a versão recifense segue com a missão de tirar as crianças das ruas e de criar cidadãos através do esporte.

ENTREVISTA

O POPULAR: Como foi a história de escolher o nome ‘Mogi Mirim’ para batizar o clube?
GERALDO NUNES: Em 1992, Leto, Rivaldo e Válber faziam parte aqui do Santa Cruz. Eles sempre frequentavam aqui a comunidade, a Império do Camarões, e aqui ao lado ao Império tem um campinho de barro, que a gente jogava e Rivaldo, observando a gente jogando, ficou de arrumar uns coletes. No decorrer do tempo ele foi exatamente para o Mogi Mirim e resolvemos colocar o nome do Mogi em homenagem a ele, e permaneceu até hoje.

O POPULAR: E de 1992 para cá eles voltaram a frequentar a área de vocês?
GERALDO NUNES: Olha, de 1992 para cá ele nem aqui veio. Disse que ia mandar uns coletes, mas nem sequer uma bola ele mandou. Em 2013, o Leto apareceu por aqui e trouxe uma camisa do Mogi Mirim e me deu de presente. Foi só isso aí, ajuda nunca teve.

O POPULAR: O projeto atende meninos e meninas? De que idade até qual idade?
GERALDO NUNES: O projeto atende garotos de 13 até 17 anos. O trabalho aqui é com o objetivo não de formar atleta e sim cidadão. O atleta vai depender das consequências do futebol. Aqui trabalho com os meninos desta idade e tem o feminino, que também é de 13 a 17. E tem ainda o pessoal que começou aqui desde 1992, que jogam, desde o ano retrasado, as competições abertas na várzea. Eu trabalho aqui no Mogi Mirim voluntariamente. Não temos CNPJ, é sem fins lucrativos e o objetivo aqui é esse, cobrando deles o estudo, que eles estudem e dizendo que, se não for jogador, vai ser um bom cidadão, um advogado, engenheiro. Sempre levo isso. E ainda, de quarta e domingo conduzo os meninos para igreja. Temos este papel também, de sempre ouvir a palavra e fortalecer mais eles.

O POPULAR: De 1992 para cá você tem noção de mais ou menos quantas crianças e adolescentes foram beneficiadas pelo seu projeto?
GERALDO NUNES: Hoje o projeto do Mogi Mirim é composto de 140 a 150 crianças. Eu aqui, durante este tempo todo, tive mais ou menos de 6 a 7 mil garotos que foram beneficiados. Hoje, uns são pais de família, outros estão no quartel. Jogador daqui mesmo, que passou aqui, tem o Thiago, que está no Flamengo-RJ e o Lucimário, que está no Bahia. São dois que têm história a contar. O projeto é pequeno, mas o coração é grande.

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