Indubitavelmente, a questão da saúde pública continua sendo um dos principais problemas do país. Por se tratar de um bem relacionado à preservação da vida, a saúde pode ser considerado o principal alvo merecedor de ações do poder público e até por isso costuma ser utilizado com ênfase em campanhas políticas.
Resolver o problema é um desafio em qualquer lugar do país. As deficiências são inúmeras como falta de um planejamento eficiente, carência de médicos plantonistas em prontos-socorros e de especialistas em unidades de saúde, salários pouco atraentes pagos na rede pública, além de estrutura precária. Reclamar é algo corriqueiro no cotidiano dos brasileiros e em Mogi Mirim não é diferente.
Encontrar pessoas indignadas em filas de Pronto-Socorro por demora ou falta de médico é cena comum na Santa Casa e já atingiu até mesmo o Hospital 22 de Outubro, que é particular e atende ao convênio Unimed. Indignadas, pessoas não poupam críticas e às vezes despejam a raiva em profissionais dedicados, que em muitos casos não têm responsabilidade em relação ao problema.
As reclamações existem especialmente pela cultura em que se relaciona o direito de uma saúde de qualidade aos altos impostos cobrados. De fato, a população tem o direito e até o dever de cobrar. Mas não por isso pode se acomodar e fechar os olhos para sua própria responsabilidade.
A falta de conscientização ou interesse na saúde preventiva ou o desleixo no trato com o corpo muitas vezes é responsável por acarretar a doença. Acometido, o sujeito muitas vezes surge no hospital exigindo um atendimento ágil, sem às vezes pensar nos demais. A falta sem aviso em consultas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) é outro problema sério, pois se perde um precioso horário médico que poderia ter servido a outro paciente. Muitas pessoas simplesmente faltam, sem avisar, ignorando o bem coletivo. Para encontrar outra vaga é difícil e, com isso, a saúde se deteriora.
O desinteresse de alguns em fazer sua parte no combate à dengue, restringindo a entrada de agentes na eliminação de focos ou mesmo evitando a água parada, é outro exemplo de como o próprio povo se adoenta. Um exemplo recente foi o caso da recente invasão da UBS da Vila Dias por criminosos, que prejudicaram a conservação de vacinas e medicamentos, que tiveram que ser descartados. Pode até ser discutida a segurança da UBS, mas serve de exemplo de que muitas vezes a fonte do problema é a própria sociedade que da saúde precisa.
O pagamento dos impostos não pode servir de escudo para a população se eximir de sua responsabilidade. Reclamar e esperar sentado uma solução do governo é a escolha mais cômoda e menos inteligente, capaz de tornar um povo doente, no corpo e na mente.