Toda casa tem uma história que parece ser de novela, assim como cada janelinha daquele prédio que você repara com tanta constância tem famílias alegres, ora cheias de dores ou ressentimentos ou jurando estar na melhor fase da existência. A vida do ser humano é assim, cheia de altos e baixos, repleta de alegria e sofrimento, não há como escapar das intempéries. E nesse jogo muita coisa pode acontecer, como é o caso de muitas famílias que se readaptam e mantém a força para continuar fazendo o melhor, como criar as crianças, os cachorros e gatos, batalhar por dias mais contentes e também mais promissores. E é nesse ínterim que surgem as mães solteiras, separadas ou viúvas, as avós e os avôs, as tias e os tios, as madrinhas e os padrinhos, as mães adotivas ou mesmo os pais que se posicionam como as “mães” para cuidar para valer e se doar ao máximo para ver adultos felizes e bem formados.
Cecilia Pedroso Seriani, de 83 anos, é uma das valentes que tomou para si a responsabilidade de amar sem medida e fazer de um neto uma pessoa íntegra e feliz. Rody Seriani, de 25 anos, foi morar com a avó aos quatro anos, já que sua mãe, que no caso era filha dela, não pode criar o menino. Hoje, faz quase 20 anos que a mãe de Rody morreu, uma situação que não é simples de absorver, mas que foi superada por conta do amor que a avó proporcionou.
“Pra mim não teve diferença nenhuma por que me acostumei com minha vó sendo minha mãe desde os quatro. A única coisa esquisita era na escola, principalmente na época do Dia das Mães, pois tinha que fazer desenhos dela ou para ela. Eu fazia da minha vó ou para ela, ué”, disse Rody, que fez questão de destacar que agradece muito pela pessoa que se tornou porque não é qualquer um que tem coração para se doar para o outro da forma como ela fez.
Outra avó que também tem papel de mãe para a neta é Benedita Pereira Noronha, de 68 anos. Sabrina Pereira de Camargo hoje tem 27 anos e até já está casada, mas foi morar com a avó quando tinha 15 anos, depois que sua mãe também faleceu. “Eu não pensei em nada, fui vivendo com ela como criei meus filhos, depois também criei uma sobrinha e para a gente são como se fossem filhos. Tenho o mesmo orgulho que tenho das minhas filhas”, disse.
“Quando vim morar com a minha avó foi a paz, ela me ajudou bastante. Para mim ela não é minha avó, é minha mãe. Mãe não é só gerar e por no mundo, é cuidar, é amar”, acrescentou a neta.
Já do outro lado da cidade a história é diferente. Monique Lopes Moreira, de 20 anos, cuida sozinha do filho Miguel Moreira da Silva, de quase dois aninhos. Os dois moram juntinhos e a família ficou menor devido à morte do pai quatro meses depois do nascimento da criança. A dor é imensa, mas o apoio que Monique também tem da família ajuda bastante. “Não sinto insegurança, somos muito família, então eu não me sinto carente, sozinha, vou ter que fazer de tudo para ele, ser o pai e mãe”.
Mas e se não houve nem a mãe? Esse foi o caso de João Alfredo Vasconcelos, que perdeu a mãe quando ainda era um bebê e foi criado pela irmã mais velha, Ana Vasconcelos, que já era casada na época. Ana criou ele e a irmã mais nova, que havia acabado de nascer quando a mãe faleceu: “Tudo que tenho, tudo que sei de amor, respeito e educação devo a ela. Ela foi a figura materna que tive e tenho, ela foi a matriarca. Mãe não me fez falta pelo fato de não a ter conhecido, então na realidade, só conheci uma, ela (em referência a Ana).
“De certa maneira tomei no meu coração a responsabilidade, com toda minha vontade, porque era o único meio para fazer de mim e meus irmãos pessoas dignas, principalmente para honrar a força e valentia de minha amada mãe. Hoje vendo o saldo mais do que positivo, sei que só existe uma razão, que é o amor, nada mais”, finalizou Ana Vasconcelos.