A Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (Sejel) da Prefeitura de Mogi Mirim trabalha com a missão de atrair atletas para a escolinha de basquetebol. A intenção está ligada ao projeto do secretário do Sejel, Osvaldo Dovigo, de criar e fortalecer escolinhas de diferentes modalidades. O basquete é um dos esportes em que o Sejel sofre com maior dificuldade para atrair interessados e atletas com comprometimento nos treinos.
As aulas são comandadas pelo professor Valdecir Marques, no Ginásio Wilson Fernandes de Barros, o Tucurão. Os treinos do time adulto masculino ocorrem às terças e quintas-feiras, das 18h às 21h. Às quartas-feiras, das 17h30 às 20h30, são oferecidas aulas para categorias de base, alunos entre 12 a 17 anos, masculino. Mogi Mirim não tem um trabalho com o feminino há alguns anos. A intenção é montar uma equipe feminina de base e adulta, com captação de alunas em escolas da cidade, com a divulgação da escolinha, mecanismo também previsto para atrair interessados nas aulas masculinas.
Algumas jogadoras de Mogi Guaçu chegaram a representar Mogi com Valdecir, mas retornaram à cidade vizinha. Porém, Valdecir vê potencial para montagem de um time feminino em Mogi. “A gente quer mostrar que temos condições, sim. Temos que ter”, frisa.
O trabalho com o basquete masculino vem oscilando nos últimos anos. Valdecir explica que há time em alguns anos e, em outros, não. Sem continuidade, a qualidade fica limitada. O técnico aponta ser até difícil saber quantos são os alunos pela falta de comprometimento de muitos com os treinos. “Vixi Maria, parece rodízio de pizza, cada terça e quinta, aparece uma quantidade”, brinca, antes de revelar haver, hoje, um número de 15 a 16 atletas que comparecem com regularidade aos treinos do adulto, com o número chegando a aproximadamente 25 jogadores com as presenças eventuais. Já a equipe de base atinge de 15 a 18 atletas. Há quem treine um dia e não volte. Valdecir conta que quando chega um atleta novo, tenta atrai-lo a participar, conversando para cativar e mantê-lo.
Basquete de Mogi fica de fora dos Jogos Regionais
Embora haja uma equipe masculina de basquete da cidade, Mogi Mirim não será representada na modalidade nos Jogos Regionais pelo entendimento de que o time ainda não está preparado. Além da maioria dos atletas integrar o time há pouco tempo, outro problema é a baixa disponibilidade de atletas para os treinos. Uma dificuldade extra dos Regionais é ter jogos durante a semana. “Para competir, tem que ter um treinamento razoável, compromisso com aquilo que eles estão assumindo. Não adianta eu assumir uma coisa sozinho”, justifica o professor Valdecir.
Atualmente, a equipe disputa um campeonato em Holambra com o nome de Sejel/Mogi Mirim, em uma parceria entre o time e a Prefeitura. A equipe, comandada por Valdecir, fica responsável pelos custos e a Prefeitura cede uniforme e material. A competição serve como treino e para testar o time. “Para a gente ver o nível que estamos, para aí, sim, no próximo ano, ter condições de participar, não digo para ganhar, mas pelo menos jogar de igual para igual”, observou.
Valdecir revelou que uma equipe de outra cidade, já montada, se ofereceu para representar Mogi nos Regionais de forma gratuita. Porém, considera injusto e improdutivo utilizar essa equipe e deixar os jogadores da cidade de fora.
O entendimento é que seria uma equipe “falsa”. “Eu prefiro trabalhar com meus atletas esse ano pro ano que vem, são de Mogi. Posso até completar com algum de fora, não tenho pivô, posso pegar uns 2 grandes de fora para completar a equipe”, explicou.
Professor de basquete tem origem no tênis de mesa
Hoje técnico de basquete, Valdecir Marques iniciou a atuação na Prefeitura em 1985, como jogador de tênis de mesa contratado, em época em que a administração municipal contratava atletas para representar a cidade. Como Mogi Mirim não tinha ainda uma equipe, Valdecir e outros dois atletas de Mogi Guaçu, Max e Maciel, chegaram inicialmente para representar a equipe nos Jogos Regionais. Após se destacarem, passaram a dar aulas de tênis de mesa e a representar o município nas competições.
Entre as atletas treinadas pelo trio esteve a ex-mesatenista Lucimara Turola, a Mara, hoje coordenadora de gerência da Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer da Prefeitura. Entre as conquistas de Mara na carreira estão diversos Campeonatos Paulistas, 17 Jogos Regionais e dois Brasileiros, por Campinas. Mara conta ter sido descoberta no Clube Mogiano por Lázaro Santos, o Lazinho. A ex-atleta começou a trabalhar na Prefeitura como funcionária, ministrando treinamento para categorias de base, inicialmente como assistente. Depois de encerrar a carreira de atleta por contusão, comandou aulas no Colégio Imaculada por 11 anos e formou diversas jogadoras, como a atual técnica da seleção de tênis de mesa do Peru, Michele.
Valdecir ficou no tênis de mesa até os anos 2000. O início no basquete foi em 1998. Como jogava por Mogi Guaçu, foi convidado para ser o técnico de Mogi. Então, passou a trabalhar, paralelamente, o basquete e o tênis de mesa. As aulas tiveram início na quadra descoberta do Clube Mogiano, em uma parceria com o Recanto. Em 2012, a equipe de basquete chegou a conquistar bronze nos Regionais, no masculino. Na década de 90, o time feminino ficou em quarto lugar nos Jogos.
A Prefeitura estuda retornar o trabalho com o tênis de mesa. Mara, em função de lesões, não poderá ser a professora. Valdecir também não tem interesse. A ideia é acertar com outro profissional.
Tecnologia é forte inimiga da conquista de crianças
A coordenadora de gerência do Sejel, Lucimara Turola, observa que uma peculiaridade sentida por todos os municípios tem sido a dificuldade de abordagem com as crianças e adolescentes em virtude da concorrência com a tecnologia. “Está extremamente difícil atrair a criança para o esporte. Se não tem essa formação dentro de casa, é muito difícil. Porque a característica dessa geração é ser muito ligada em tecnologia, é um novo desafio”, ressalta.
Valdecir ilustra como são as reações de diversas crianças quando convidadas. “Você fala: vamos treinar basquete? Que isso, professor? Fico sentado aqui, Coca-Cola do lado, salgadinho, vou correr no basquete, pra quê? Vou ficar sossegado. A gente tem que arrumar algum atrativo para essas crianças voltarem ao esporte”, reflete Valdecir, observando que adolescentes chegam a ter ídolos na NBA, mas preferem o videogame a jogar. Valdecir, que não tem celular, entende que a Internet afetou o esporte. “Ela começou a recolher as crianças. Se você tem um filho de 2, 3 anos, o que faz para ele? Dá um celular para não chorar. É assim que funciona. Em vez de tirar o celular e falar: vamos jogar bola, filho? Não leva, é mais viável: eu dou o celular para ele, ele brinca e não me dá trabalho”, compara.
Lucimara lembra que professores de Educação Física também enfrentam dificuldades pelo desinteresse dos alunos.
Jogos Escolares
Entre agosto e setembro, serão promovidos os Jogos Escolares de Mogi Mirim, com escolas municipais, estaduais e particulares. Há ainda os Jogos Escolares do governo estadual. A intenção é aproveitar essas competições para analisar e convidar atletas aos times da Prefeitura. O intuito é também realizar parcerias com escolas, atraindo alunos das aulas de Educação Física para as escolinhas.