Enquanto o Clube Mogiano brilha com um time de handebol feminino responsável por conquistas em âmbitos nacional e sul-americano, a Prefeitura tenta se desenvolver na modalidade, com um trabalho praticamente embrionário, dentro da proposta do Secretário de Esportes, Juventude e Lazer, Osvaldo Dovigo, de estimular a prática esportiva reformulando as escolinhas na cidade, indo além da tradição futebolística.
A intenção da Secretaria de Esportes é fortalecer o time de handebol masculino, enfraquecido após três anos sem a Prefeitura disputar os Jogos Regionais, e iniciar a montagem de uma equipe feminina da modalidade.
Embora com atual baixa adesão, as aulas de handebol masculino estão em andamento há alguns anos, sob o comando do técnico Gilmar Machado da Silva, responsável pelos treinos da modalidade desde o período final da década de 90. Atualmente, as aulas para alunos de até 15 anos ocorrem no Estádio Maria Paula, na Vila Dias, de segunda a quinta-feira, das 15h30 às 17h30. A categoria sub-20, que se prepara para os Jogos Regionais, treina aos sábados das 14h às 17h, na Vila Dias, e às sextas-feiras, no Estádio Distrital Ângelo Rottoli, o Tucurão, das 19h às 22h.
Gilmar lamenta que muitos atletas deixaram a equipe, desmotivados pela cidade não disputar competições. “Molecada foi embora, um foi jogar no Guaçu, outro pra região do ABC, cada um foi jogar em um lugar, tem um menino meu que tá jogando em Limeira”, comentou.
Mogi tem 12 alunos para o time dos Regionais, atletas de mais experiência, e aproximadamente 15 nas categorias de base. “Na base, você tem que ter quantidade para tirar qualidade, então, quanto mais você tiver…”, explicou o professor, considerando que conseguir 40 atletas de base estaria de bom tamanho considerando a popularidade do esporte. A ideia é aproveitar os jogadores revelados na base no time de cima. Gilmar lembra que, anteriormente, Mogi contava com um time adulto e um sub-21. Quando os atletas do sub-21 atingiram a idade adulta, não houve reposição, pois não havia sido trabalhada a base.
Com a proposta de desenvolver a modalidade, a ideia de Gilmar é realizar um trabalho nas escolas em parceria com a Secretaria de Educação. A ideia é aproveitar os horários de Educação Física e realizar aulas de exibição com o material de handebol para atrair os alunos para participar da escolinha.
A meta para os Regionais é somente participar porque o time está há muito tempo sem disputar. A equipe masculina deve participar de um torneio preparatório como treinamento para os Jogos. Uma ideia é promover quadrangulares em Mogi Mirim com cidades da região. “Se você treina, treina e não disputa, vai diminuindo o interesse”, reconhece Dovigo.
Escolinha feminina de handebol vai ser reativada
Há alguns anos sem aulas oferecidas pela Prefeitura, o handebol feminino de Mogi Mirim terá a escolinha reativada.
Há pouco mais de um mês na Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (Sejel), inicialmente apenas atuando em atividades no programa Mais Vida, direcionado a idosos, a professora Tatiane Rinco de Oliveira será a responsável por comandar as aulas.
Os horários das aulas ainda serão definidos. Os alunos serão captados nas escolas com um trabalho de divulgação das escolinhas, que vem sendo realizado pela Prefeitura. A captação está seguindo uma sequência. Inicialmente, foi realizada a divulgação do atletismo, cujas escolinhas já estão em andamento, com 75 alunos. Em seguida, foi feita a divulgação do futsal e, depois, futebol. Posteriormente, serão divulgados o basquetebol e o handebol. A ideia do Sejel é divulgar aos poucos e, não de uma vez, para evitar confundir os alunos.
Além das novas alunas captadas em escolas, algumas jogadoras veteranas do time de handebol da cidade estariam interessadas em voltar a atuar pela Prefeitura. Não há pressa para início das aulas, pois, nos Jogos Regionais, o handebol feminino de Mogi Mirim será representado pelo forte time do Clube Mogiano.
Espelho
Técnico do handebol masculino do Sejel, Gilmar Machado da Silva, comenta que no Clube, o trabalho do técnico Bruno Camargo é bem sucedido muito por ter um bom planejamento no trabalho de base. À medida que as meninas sobem de categoria, são renovadas as faixas etárias menores. “Ele fez o trabalho certo, começou o alicerce, depois levantou a casa. Você tem que fazer um trabalho de base para ter sempre jogador. Agora, nós tínhamos um time em cima e não tinha base para dar sequência. O Alex (Lucon) faz isso (no voleibol da Prefeitura)”, observa Gilmar.
Do experiente à estreante, os sonhos sobrevivem
Com aproximadamente 20 anos de atuação no handebol, o professor Gilmar Machado da Silva recebeu, há cerca de um mês, a companhia, para o trabalho na modalidade, da professora Tatiane Rinco de Oliveira, responsável pela escolinha feminina. Estreante como professora de handebol, Tatiane terá a oportunidade de convivência com um profissional experiente. Em comum entre ambos, o conhecimento das dificuldades em se trabalhar com o esporte no poder público, mas a manutenção de sonhos, que motivam tanto alguém que inicia uma carreira como quem já está há tempos na estrada do esporte.
“O que a gente queria é que tivesse jogador em todas as categorias, é meu sonho, mas a gente tem uma dificuldade. Se for trabalhar com todas as categorias em todos os esportes, você não tem espaço físico para tudo na cidade. Mas esse era o sonho da gente”, comentou Gilmar, que, já foi chefe de divisão, coordenador, e diretor de Esportes no governo Jamil Bacar. Como técnico de handebol, já esteve em diversos Jogos Regionais e Abertos e atingiu conquistas em âmbito estadual por Mogi. Como técnico da equipe mogimiriana, mas representando Aguaí, conquistou prata no handebol masculino, em ano em que Mogi não disputou os Regionais. Desde a década de 80, é professor de Educação Física da Prefeitura e também atua em escolas estaduais, lecionando atualmente na Escola Estadual Valério Strang.
Secretário de Esportes, Osvaldo Dovigo, admite a dificuldade da falta de espaços. A reativação das escolinhas escancara o problema estrutural, pois há apenas três ginásios cobertos. “A ideia é ocupar todos os espaços e correr atrás do que estamos precisando. Primeiro, estamos preenchendo nossos ginásios”, comentou Dovigo, admitindo o sonho de uma Arena Multiuso. A cobertura de quadras é vista como possível solução paliativa.
Já o sonho de Tatiane, com experiência como atleta de basquetebol em Mogi Mirim e Mogi Guaçu, é despertar nos alunos o gosto pelo esporte. “Igual eu, eu despertei o gosto e não quis mais sair. Quando você pega o gosto, você não quer mais parar. E quando tem campeonato, você anima, quer jogar mais”, frisa.
De Mogi Guaçu, Tatiane é professora de Educação Física na Escola Geraldo Alves Pinheiro, no Linda Chaib, e observa como o esporte pode atrair crianças e servir como importante instrumento social. “Estou dando aula à tarde na quadra e os meninos da manhã ficam olhando de fora querendo entrar na aula, porque a quadra é aberta, é um alambrado só, eles ficam na rua jogando bola, na frente da quadra, olhando”, comenta.
Gilmar observa que as competições refletem no aspecto social, proporcionando viagens e cultura. “Essa questão social dos alunos interagirem com outras comunidades é muito interessante. A relação com o esporte é muito boa, você conhece lugares que nunca foi”, salienta Gilmar. “Tem criança que nunca saiu da cidade”, complementa Tatiane.