O secretário municipal de Obras, Planejamento e Serviços e de Sustentabilidade Ambiental, Wilson Rogério da Silva, está sendo acusado de abuso de autoridade e porte ilegal de arma de fogo. Um inquérito criminal foi instaurado esta semana para apurar uma denúncia de que o secretário teria apontado uma arma para a cabeça de duas pessoas durante uma abordagem da Guarda Civil Municipal (GCM).
O caso teria ocorrido no último dia 12, uma quinta-feira, pouco antes das 17h. A GCM teria sido chamada à rodovia Senador André Franco Montoro onde, de acordo com uma denúncia, dois homens retiravam terra ilegalmente, de uma área pública.
No Boletim de Ocorrência registrado pela GCM há apenas o relato de que um empresário de 38 anos e um operador de máquinas de 33 anos foram flagrados fazendo a extração ilegal da terra. Ambos teriam sido impedidos de prosseguir com a atividade ilícita e teriam sido levados à Delegacia de Polícia para registro da ocorrência e apreensão do caminhão carregado com, aproximadamente, 10 metros de terra.
No entanto, no dia seguinte ao registro da ocorrência, os dois homens supostamente envolvidos na atividade ilícita procuraram a Polícia Civil para apresentar uma nova versão do caso. De acordo com o empresário e o operador de máquinas, ambos teriam sido ameaçados e constrangidos por um dos guardas municipais que fez a abordagem. O funcionário público teria, inclusive, jogado o celular do operador de máquinas no chão, no momento em que ele tentava filmar a abordagem. Além disso, as ameaças contra os dois homens teriam ocorrido na frente do filho do operador de máquinas, de apenas seis anos de idade, que estava dentro do caminhão e foi deixado sozinho no veículo depois que o pai foi levado para a delegacia.
Denúncia
Em outro Boletim de Ocorrência registrado no dia 20 pelo empresário e pelo operador de máquinas, há ainda uma denúncia mais grave. Sob alegação de terem ficado com medo de represálias e, por isso, não terem feito a denúncia no dia dos fatos, eles informaram a Polícia Civil e o Ministério Público sobre uma suposta conduta ilegal do secretário municipal de Obras, Planejamento e Serviços e de Sustentabilidade Ambiental, Wilson Rogério da Silva.
Segundo os denunciantes, no dia em que foram abordados pela GCM retirando terra de área pública, chegou ao local em uma Saveiro branca, o secretário municipal Wilson Rogério.
Primeiro, ele teria ido até o empresário e sacado uma arma de fogo prateada, apontando-a para a cabeça dele. Na denúncia feita pelo empresário à Polícia Civil e ao Ministério Público, ele diz que o secretário municipal o ameaçou dizendo que iria apresentá-lo à polícia justamente porque ali era uma área pública. Na sequência, os denunciantes afirmaram que Wilson Rogério se dirigiu ao operador de máquinas e procedeu da mesma maneira, ameaçando-o com a arma apontada para a cabeça.
“A denúncia foi feita ao Ministério Público e, imediatamente, requisitei a instauração de inquérito criminal junto à Polícia Civil para apurar eventual crime de abuso de autoridade e porte ilegal de arma de fogo”, confirmou o promotor de justiça, Rogério Filócomo.
O promotor disse ainda que solicitou cópia dos boletins de ocorrência registrados na Polícia Civil relativos ao fato do dia 12 porque pretende analisar o ocorrido e, se for o caso, instaurar também inquérito civil para apurar a conduta do secretário municipal. “Ele é um agente público que tem cargo comissionado na administração municipal e, em tese, não pode agir na ilegalidade”, comentou o promotor.
Resposta
O secretário Wilson Rogério informou a O POPULAR que a denúncia é mentirosa. Segundo ele, o empresário que o acusa já foi flagrado outras quatro vezes furtando terra de áreas públicas. “Já existem inquéritos civis e criminais contra este empresário. Inclusive no governo do ex-prefeito Carlos Nelson ele foi flagrado furtando paralelepípedos. Ou seja, quem está cometendo crime é ele”, ressaltou.
Wilson Rogério, no entanto, confirmou que esteve na rodovia Senador André Franco Montoro no momento da abordagem da GCM, na função de corregedor. Porém, ele negou que estivesse armado naquela ocasião e que tivesse ameaçado o empresário e o operador de máquinas.
“É uma denúncia que ainda não foi apurada. Eu não estava armado e tenho testemunhas que podem confirmar isso. Porém, prefiro aguardar as investigações para dar detalhes sobre este caso”, declarou o secretário.
DE NOVO
Esta não é a primeira vez que o secretário Wilson Rogério da Silva é acusado de portar, ilegalmente, arma de fogo. Em agosto do ano passado, durante uma operação policial realizada pela GCM, Polícia Militar e Polícia Civil, ele foi flagrado com uma arma pendurada em um coldre, na cintura.
Na ocasião, ele foi fotografado pela imprensa local em frente à delegacia, não somente armado, como também, vestindo um colete da GCM. A Prefeitura informou, naquela ocasião, que Wilson Rogério tinha porte de arma e treinamento específico.