Em 1929, o mundo estava em crise. A chamada ‘Grande Depressão’ atingiu os Estados Unidos, já uma potência econômica. Naquele ano, começou um dos piores e mais longos períodos de recessão que o sistema capitalista já enfrentou. No futebol, ainda assim, novos clubes nasciam, como na vizinha Mogi Guaçu, que viu ser fundado oficialmente o Clube Atlético Guaçuano, em 26 de fevereiro daquele ano. O conhecido Mandi não foi o único time esportivo regional nascido em 1929.
Na edição de 12 de setembro de 1929, o Diário Nacional noticiava a fundação da Associação Mogyana de Esportes Athleticos, a AMEA. A fundação se deu pela fusão do Clube de Jogos Olympicos com a Associação Athletica Mogyana. O diário noticiava que “a fusão foi considerada como o único remédio para os esportes mogymirianos”. A diretoria era encabeçada por Antônio Jorge da Silva, um comerciante e dono de uma fábrica de sabão. Entusiasta do esporte, chegou a oferecer medalhas a jogadores destacados e troféus para vencedores de partidas amistosas.
A AMEA foi fundada em um período em que o Mogi Mirim Esporte Clube estava no ostracismo. Tanto que, em novembro daquele longínquo ano, a AMEA projetava duelos amistosos contando com ex-atletas do ‘Mogy Mirim’. Um exemplo era o diretor geral de esportes da entidade, José Antônio Fagundes, que defendeu as cores do MMEC e iniciou os treinamentos com o foco de defender a AMEA.
É claro que, como o próprio nome indica, nem só de futebol vivia aquela jovem entidade desportiva. Eram muitas as palmas dos jornais ao jovem Quinzote Lima, tratado como o “baluarte do athletismo em Mogy”. Jairo Silva, Ricardo Coppo e Luiz Ladeira também recebiam elogios. Mas, o futebol dava o norte. Em dezembro daquele ano, venceram por 2 a 0, fora de casa, o Commercial de Limeira com Ninho; Líbano e Bazani; Mário, Fumaça e Totó; Biazoto, Parra, Sylvio, Garcia e Felippe. Sylvio e Garcia marcaram para a AMEA.
O clube era tratado como “a única entidade esportiva” da cidade. E olha que Mogi Mirim já contava com respeito. O mesmo Diário Nacional, em dezembro de 1929, relembrava que Mogi foi “das cidades do interior, a que mais futebolistas de valor forneceu ao Brasil”. Pois bem, nesta mesma edição, chegamos à história que quase culminou em um estádio de futebol na Avenida Jorge Tibiriçá.
A via atualmente é conhecida por sediar, entre outros prédios, a Delegacia de Polícia. Pois bem, logo após a fundação da AMEA, seus membros buscavam arrecadar fundos para a construção de um estádio. O arquiteto Paulo Turci e o construtor Francisco Parra, este diretor da associação, foram encarregados de medir a extensão de um terreno pertencente ao doutor Malta Cardoso e tirar a planta do sonhado estádio. O terreno ficava situado na Avenida Jorge Tibiriçá e já nivelado por natureza. Faltava capiná-lo, cercá-lo e construir as arquibancadas. Parecia simples, mas a AMEA não dotava de fundos. O projeto da diretoria era levantar o dinheiro. E, lembro aqui, estamos falando de 1929, ano da mais famosa crise financeira de nossa era contemporânea.
“Penso fundar a Liga Mogyana de Futebol, liga essa que será composta de diversos quadros, os que disputarão em nosso campo um campeonato, sendo oferecida ao vencedor a ‘Taça Gato’, ofertada pelo nosso presidente”, afirmou um diretor da AMEA ao Diário Nacional. Pois bem, Antônio Jorge da Silva, de fato, pretendia doar taças e a ideia da diretoria era convidar agremiações como o Clube Atlético Guaçuano. Os planos, porém, não prosperaram. Em março de 1930 os jornais já tratavam da possível dissolução da associação. Anos mais tarde, em 1º de fevereiro de 1932, o Mogi Mirim Esporte Clube retornaria, reorganizado e pronto para assumir o protagonismo do qual não foge, nem mesmo, nos penosos dias atuais.