Nesta semana, caros amigos, peço a licença para transpor os limites da nossa cidade e falar mais sobre uma figura importante para o esporte regional. Mais precisamente, da nossa vizinha Mogi Guaçu. Neste mês de fevereiro, relembramos os 150 anos de Alexandre Augusto Camacho. Infelizmente, parece não haver nenhum movimento em alusão a esta data importante, de valorização a uma figura tão atuante no esporte e em outras áreas. Aos mais jovens, o nome não é estranho porque o principal estádio guaçuano, apesar de escanteado nos últimos anos, carrega o nome de Alexandre Augusto Camacho.
Ele nasceu em 28 de fevereiro de 1870, ou seja, ainda neste mês, se completará 150 anos de seu nascimento. Também faleceu neste mês, às 16h35 do dia 24 de fevereiro de 1951. Nascido na Ilha da Madeira, em Portugal, veio ainda jovem ao Brasil. Chegou a Santos em 12 de março de 1888 e, de imediato, dirigiu-se a Mogi Guaçu, onde montou uma oficina mecânica. Anos depois, em 25 de maio de 1895, casou-se em Mogi Mirim com Maria Augusta Camacho, de cuja união não houve filho.
Sem nenhum tipo de remuneração, foi delegado em Mogi Guaçu e atuou em outros tantos segmentos. Na área de obras públicas, trabalhou na construção da cadeia municipal de Mogi Guaçu, do matadouro e ainda do mercado de São João da Boa Vista. Além disso, auxiliou na montagem das pontes das estradas de ferro e de rodagem localizadas em Mogi Guaçu no início do século 20.
Foi também um dos fundadores da Igreja Evangélica Presbiteriana local, com obras concluídas no dia 15 de agosto de 1920, ou seja, está bem perto dos 100 anos. Na companhia de industriais e comerciantes, ajudou na conquista do primeiro estabelecimento de crédito de Mogi Guaçu, a Caixa Rural, que anos depois se transformou em Banco Rural, onde Camacho sempre esteve como diretor-gerente.
Foi ainda sócio-fundador do Clube Literário 12 de Outubro, da Sociedade Recreativa Sete de Setembro (em que foi presidente honorário) e da Sociedade Recreativa Guaçuana, além de pertencer a várias entidades de caridade da cidade. Porém, o vínculo mais conhecido de Camacho é com o Clube Atlético Guaçuano. Eleito o primeiro presidente da agremiação, na fundação de 26 de fevereiro de 1929, se manteve na função até o ano de sua morte, 1951. No campo do Mandi, aplicou grande montante de sua poupança, um dos motivos para que seu nome esteja vivo até hoje na representação do estádio que muito deve a ele.
Camacho não chegou a ver a profissionalização do Atlético, que ocorreu apenas em 1974. Tampouco, de outros clubes da cidade, já que o primeiro a atuar desta forma foi o Cerâmica Clube, em 1958. No Atlético Guaçuano, foi sucedido por Euro Albino de Souza, que foi um dos sócios-fundadores da Cerâmica Chiarelli e chegou a ocupar a cadeira de presidente da Câmara Municipal de Mogi Guaçu. Euro se manteve no cargo até 1958, ano em que o Atlético interrompeu as suas atividades, retomadas apenas em 1974, com Reinaldo Lucon, o Nardinho.
No final de 1950, Camacho acamou-se. Recebeu os cuidados do médico Waldomiro Girard Jacob e atenção de toda a família. Porém, os recursos destinados a combater a doença que o atingiu não foram suficientes. Filho de José Gomes Camacho e Francisca de Jesus Camacho, foi também cunhado de Manoel de Barros Leitão, este casado com Maria de Barros Leitão. Logo após a notícia da morte de Alexandre Camacho, a residência da família passou a receber um grande número de pessoas, com o desejo de se despedir do ex-presidente do Atlético.
O funeral foi realizado perto das 9h de domingo, dia 25, com a presença das principais autoridades locais. Meses depois, foi decretado o projeto de lei nº 77, aprovado pela Câmara Municipal da nossa vizinha cidade. No dia 30 de agosto de 1951, com a assinatura do prefeito Orlando Chiarelli, foi promulgada a lei que denominou a principal praça de esportes de Mogi Guaçu como Estádio Municipal Alexandre Augusto Camacho.