Ainda sem diretoria eleita registrada em cartório, o Mogi Mirim vive uma crise sem precedentes, sem conseguir pagar funcionários e nem registrar jogadores para o Campeonato Paulista, o que pode obrigar o clube a ser forçado a inscrever atletas da base, ocupando vagas que seriam de reforços, pois há um limite de 28 inscrições.
Os dois grupos políticos que lutam pelo poder buscam o registro de suas chapas eleitas nas duas eleições diferentes no Cartório de Registro de Imóveis. Nenhuma chapa ainda teve a inscrição registrada. Na tarde de sexta-feira, Luiz Oliveira, no comando do clube na prática, tentou novamente registrar sua diretoria eleita e se irritou com a negativa do cartório, que estaria aguardando documentações. Na sexta-feira, foi registrado o pedido de registro e, na segunda-feira, Oliveira aguarda um chamado do cartório para comparecer na expectativa de resolver o problema.
Na prática, Oliveira está no comando do clube no dia a dia, tomando as decisões, porém a falta de registro inviabiliza algumas ações. “Eu sou presidente de direito, mas talvez não sou de fato”, afirma Oliveira.
Funcionários estão sem receber, segundo Luiz pelo fato de não conseguir movimentar as contas. De acordo com o que a advogada de Luiz, Roberta Pinheiro, explicou à Justiça, o grupo de Victor Manuel Simões teria bloqueado a conta exigindo a assinatura do português. “Estou com o clube parado, com 80 pais de família sem receber e não consigo registrar uma ata. Como vou pagar funcionário se não posso acessar o banco?”, desabafou Luiz.
Da mesma forma, o clube fica sem condições de registrar os atletas contratados, pois não pode acessar oficialmente o site da CBF devido ao bloqueio no login do Mogi Mirim. “Corre o risco do Mogi não ter nem time para disputar o Campeonato Paulista. Não podemos acessar o sistema da Federação Paulista, CBF”, reclama Luiz.
Os atletas precisam estar registrados até o dia 22 para participarem da estreia, marcada para 31 de janeiro, em casa, contra o Audax.
Para tentar a liberação da conta e dos registros na CBF, além de registrar a diretoria eleita, a advogada de Luiz solicitou à Justiça para que o cartório seja oficiado judicialmente para receber a informação de que o afastamento de Oliveira pelo Conselho Deliberativo do clube foi anulado pelo juiz Rafael Flores em 18 de dezembro. Como a ata de afastamento de Luiz está registrada, a advogada busca que o cartório seja oficiado sobre a anulação.
O POPULAR não conseguiu contato com o advogado do grupo de Victor Simões, Clóvis Oliveira, para saber a estratégia e o posicionamento da ala do português sobre o tema.
As duas eleições
Luiz Oliveira foi reeleito no dia 28 de novembro, dentro do prazo previsto pelo estatuto para as eleições, em pleito questionado pelo grupo de Victor Simões, que não teve sua chapa registrada na ocasião sob alegação de registro fora do prazo. Já Victor foi eleito em eleição na segunda-feira, com chapa única. Além de não participar da eleição por já se considerar eleito, também pelo estatuto prever as eleições até o final de novembro, Luiz não permitiu o acesso ao clube do grupo de Victor para realizar o pleito, que acabou ocorrendo em frente a uma churrascaria.
Victor espera conseguir validar a eleição com o argumento de que o Conselho Deliberativo voltou a afastar Luiz, depois da decisão judicial, alegando que desta vez houve direito à defesa, o que é contestado por Oliveira. Desta forma, Victor, como vice-presidente, entendeu ter se tornado o presidente e convocou as eleições, além de considerar que o pleito anterior foi irregular. A Justiça havia anulado o primeiro afastamento de Luiz por considerar que o dirigente não teve direito à defesa.
Esclarecimento
Victor Simões esclareceu a O POPULAR, na segunda-feira, não ser parceiro de Luiz há 19 anos como costuma ser comentado. “É mentira, ele era vendedor (de produtos alimentícios), me atendia nas minhas empresas. No futebol, nós trabalhamos três anos”, explicou Victor, lembrando que depois passou a investir em jogadores procurados por Luiz.