A gestão Luiz Oliveira está próxima de marcar mais uma mancha na história do tradicional Mogi Mirim Esporte Clube, no que pode ser o capítulo mais vergonhoso da trajetória do time. Depois de dias turbulentos, com saída de jogadores e do técnico Marcelo Veiga por atrasos salariais, o elenco remanescente decidiu, ontem, decretar W.O. no jogo deste sábado, às 16h, diante do Bragantino, no Estádio Nabi Abi Chedid. A viagem a Bragança Paulista seria nesta sexta-feira, para o jogo válido pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série C, mas os jogadores se recusaram a viajar e a jogar.
Como última cartada, Luiz se reuniu na sexta-feira à tarde com os atletas, mas sem garantir o acerto, não convenceu os jogadores, que optaram pelo W.O.
A esperança de uma reviravolta é praticamente nula pela convicção dos atletas e falta de verba para pagá-los.
Pelo Regulamento da CBF, o W.O. gera derrota por 3 a 0 e multa de R$ 5 mil, além das punições do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Pelo artigo 203, o W.O. ocasiona pena de R$ 100 a R$ 100 mil. Se o Mogi incorrer em mais um WO, será excluído da Série C.

Veiga
Na quarta-feira, quando não foi cumprida a promessa de acerto salarial, o técnico Marcelo Veiga se recusou a dar treino, alegando falta de condições diante do baixo número de atletas, cerca de 15. O treinador avisou que só voltaria caso fosse feito o acerto com todos.
Na sexta-feira, decidiu não voltar nem com acerto, porque não haveria clima, além de uma eventual solução ser apenas provisória.
Na sexta-feira, o clube anunciou Mário Júnior como treinador de forma interina e informou que o novo técnico deve ser anunciado neste sábado. Ex-auxiliar-permanente, Mário havia sido desligado do Mogi.
Antes de Veiga chegar, era o técnico do time, mas perdeu o cargo devido aos resultados ruins, voltando a ser auxiliar e depois saindo. Na Série A-2 do Paulista, Mário já havia substituído Veiga, mas na Série C não resistiu.
Veiga reclamava que não teria opções na defesa e meio de campo na reserva para hoje, além de faltar opções para a lateral-esquerda, que teria que ser ocupada pelo atacante Galego. Deixaram o clube, segundo confirmado por Veiga, o goleiro Maringá, o zagueiro Diego, o meia Pretinho, o meio-campista Anderson Rosa e o meia-atacante Tatuí.
Os atletas poderiam voltar se recebessem. Para piorar, o volante Clayton e o lateral-esquerdo Alex Cazumba estão contundidos, além do volante Moradei e o meio-campista Vitinho terem passado por cirurgia. “Vou dar treino de quê? É futebol profissional, não é brincadeira, não”, desabafou Veiga a O POPULAR.
Ônibus
Outro fato que irritou Veiga foi Luiz ter dito aos jogadores ter vendido o ônibus do Mogi, que estava em um estacionamento em Guarulhos, e, como parte, ter recebido um Ford Edge. O presidente colocou o carro à disposição para venda, visando utilizar o recurso para pagar os atletas.

Veiga conseguiu um comprador, mas Luiz não apresentou o veículo. Curiosamente, o ônibus foi novamente visto em Guarulhos.
Segundo a assessoria de comunicação do clube, a primeira venda não teria dado certo e o ônibus está à venda outra vez.