Mais uma vez vivo o dilema de mudança de escola e para aumentar a pressão, cada amigo que faz a matrícula, meu filho tira print e envia para mim. Penso que entre as coisas mais difíceis da maternidade é escolher algo que o outro vai viver. Por mais que leve em conta muitos parâmetros até decidir, no fundo, quem passará o dia a dia no espaço são eles. As vivências e sentimentos serão deles.
Por mais que o coração compadeça, nós enquanto adultos, temos uma análise mais abrangente, levamos em consideração muito mais aspectos que eles. Por algum tempo, até que atinjam a maturidade, sabemos quem são nossos filhos mais que os próprios.
O Neto mudou de escola no meio do ensino fundamental. A Gabi tinha concluído o quinto ano e a escola parava por ali. Primeiramente ia manter a individualidade, mas percebi que ele precisava daquela mudança pois estava no mesmo lugar desde nove meses e foi o primeiro bebê de lá, o que fez com que tivesse privilégios que, com apenas nove anos, sabia aproveitar bem.
Para a Gabi, neste primeiro momento, foi perfeito: parece que nasceu para estar ali. Mas, depois de quatro anos o ciclo se encerrou e novamente partimos para a busca. A minha decisão não foi a que ela queria, foi diferente da família da maioria das amigas com quem mais convivia, mas dentro de mim sabia que era o melhor, sabia que neste novo lugar teria o conteúdo que precisaria já que quer disputar uma vaga em medicina, que poderia se locomover sozinha (quando necessário) tranquilamente e que conheceria outras formas de viver com novas pessoas.
Foi um mar de rosas? Não! Foram pelo menos três meses dizendo que não tinha amigas, que não se encaixava. Cada vez que isso acontecia, mesmo tendo ponderado muito antes de decidir, meu coração sangrava! Mas passou.
Uma vez, há muitos anos, ouvi uma explicação bem simplista do Padre Fábio de Melo que carrego para a vida e me ajuda muito. Ele disse que se deixarmos para os filhos, certamente comeriam bolo de chocolate com brigadeiro todos os dias como almoço, mas que não é isso que precisam e cabem aos pais, na maior parte das vezes, oferecer o que necessitam e não o que querem.
Talvez, mais que força para decidir, precisamos de força para sustentar a decisão. E é aí que o desafio aumenta pois ela tem que ser suficiente para não pararmos antes do período de adaptação e sensível para retroceder quando necessário. Porque sim, pode ser que seja necessário, e está tudo bem.