Dia 24 de dezembro. Enquanto a maioria das famílias estão preparando a casa e o cardápio da ceia de Natal, o ‘seo’ Sidnei Elero Pícolo, de 71 anos, tem outra missão: estar bem preparado para desempenhar o papel de Papai Noel para dezenas de famílias. Todo ano é a mesma coisa. Ele sai de casa logo após o almoço e só volta já na madrugada do dia 25 de dezembro.
Essa tem sido uma rotina que completa 26 anos. O trabalho, que teve início de forma despretensiosa, hoje faz todo o sentido para ele. “Ser Papai Noel é um dom”, diz. Para Sidnei, vestir a roupa característica do Papai Noel vai além de representar um personagem. Ele encara a função como uma missão de vida.
Tudo começou quando foi chamado para trabalhar como Papai Noel para a Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim, quando esta ainda funcionava na Rua Chico Venâncio. “Eu entregava bala nas lojas, subia uma rua, descia outra”, recordou. Com o tempo, ‘seo’ Sidnei foi conquistando novos clientes.
Trabalhou para várias lojas como incentivo às vendas. Só na Dó Ré Mi Brinquedos, por exemplo, foram 17 anos. “A gente pegou muita gente no colo que hoje já são todos marmanjos”, brincou. Nos últimos dois anos, foi Papai Noel para a Acimm no Natal da Praça Rui Barbosa.
Com o tempo, as famílias acabaram aderindo ao ‘Seo’ Sidnei para que pudessem ter a magia do Papai Noel na véspera de Natal dentro de casa. Hoje, tem agenda cheia para o dia 24. “É todo ano, tem gente que já deixa reservado de um ano para outro. Começo lá pelas 14h e daí vai até uma hora da madrugada. Algumas famílias reservam para ir à tarde porque vão viajar, mas a maioria é à noite mesmo”, conta.
Segundo Sidnei, ser um Papai Noel não é apenas um trabalho. “Precisa fazer porque gosta, não adianta fazer e não gostar, porque ser Papai Noel é mais do que entregar presentes, tirar fotos e ir embora. Você precisa interagir com as crianças, saber o que falar com elas. Muitas vezes, até orientar sobre obediência e respeito, mostrar o caminho certo que elas devem seguir na vida”, comentou.
E a preparação para essa missão também não é simplesmente colocar a roupa vermelha e a barba branca. “Sou budista e tenho um oratório em casa. Antes de me vestir, sento e peço sabedoria para que tudo corra bem, que eu tenha tranquilidade. Os problemas eu deixo em casa. Do portão para fora, é só alegria. Quando volto para casa, tomo um banho de água fria, sento novamente, agradeço e peço perdão se fiz algo de errado”, contou.
A vida de Papai Noel é cheia de histórias e acontecimentos. Sidnei recorda uma ocasião em que estava em uma loja de brinquedos e um pai lhe perguntou quanto cobrava para levar um presente para o filho que estava doente na Santa Casa. “Não cobrei nada. Fui lá e levei. No dia seguinte, o menino veio até a loja e me abraçou. Isso não tem preço, é muito gratificante ver a alegria no rosto de uma criança”, detalha.
Como o trabalho de Papai Noel avança madrugada adentro, ‘Seo’ Sidnei não participa da ceia com sua família. “Deixo tudo preparado antes. E quando chego em casa, ainda pego o finalzinho. Mas tudo vale a pena. Não tem alegria maior do que ver uma criança feliz pela presença do Papai Noel”, concluiu.