A escassez da água em todo o mundo é motivo de preocupação há anos, e tema debatido incansavelmente pelas autoridades, em especial, a Organização das Nações Unidades (ONU). Recurso natural mais abundante do planeta, faz parte do dia a dia de bilhões de pessoas e é considerado vital em todo o mundo.
O problema é que, essa escassez, daquele que é o recurso mais essencial para a sobrevivência dos seres humanos, só aumenta. Este ano, o problema atingiu picos extremos no Estado de São Paulo, com uma grave crise hídrica. O Sistema Cantareira, principal fornecedor de água à população do Estado, registrou uma sequência de quedas no nível de suas represas, confirmando o temeroso panorama alertado há anos.
A falta de chuvas, aliado à ausência de planejamento em tempos de escassez da água, fez com que o governo adotasse medidas emergenciais, como o uso do chamado ‘volume morto’, reserva técnica situada abaixo das comportas, para que as cerca de 8 milhões de pessoas que dependem do sistema não enfrentassem dificuldades. Mesmo assim, milhares de pessoas ficaram sem água e inúmeros municípios adotaram o racionamento. Somente na região, cidades como Santo Antonio de Posse, Vinhedo, Valinhos e Cosmópolis adotaram tal medida. A seca no Rio Atibaia também contribuiu para a escassez.
Em Mogi Mirim, se o atual cenário não se transformou em realidade, a falta da água já bate à porta. Natural que com toda a crise registrada no Estado, a possibilidade de a situação chegar a cidade era temida por muita gente. Com isso, desde o início do ano, a Prefeitura, por meio do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) logo tratou de colocar uma pedra em cima da possibilidade, informando apenas que a economia se fazia mais necessária. Ex-presidente da autarquia, Celso Cresta, chegou a revelar à reportagem que Mogi não possuía risco de racionamento, com base na captação de água em uma represa hidrelétrica em Mogi Guaçu, que dimensiona o reservatório para longos períodos de estiagem.
Campanhas de conscientização e seguidos pedidos por economia são feitos desde o primeiro semestre pelo Saae, visando alertar a população contra o desperdício. Só que, pela primeira vez, a autarquia parece ter se cansado de pedir e, sem ver resultados, resolvido engrossar o coro pela economia da água, emitindo um sinal de alerta. Prova disso é que um projeto de lei já está sob posse da Prefeitura, e pede para que medidas que evitem o desperdício e um possível racionamento sejam adotadas com urgência. Embora não tenha sido divulgado, a expectativa é de que o projeto conscientize que, a partir de agora, desperdiçar água, pode representar sérios problemas para a cidade.
É incompreensível que diante deste cenário, o desperdício continue a existir em Mogi. Passou da hora de parte da população se conscientizar da importância em se economizar água. O racionamento está escancarado, mas parece que só a possibilidade não serve como alerta. Reclamar depois não será a melhor solução.