sábado, setembro 14, 2024
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Som que fala da realidade: música torna-se ferramenta

Por toda a História da humanidade utilizada como um instrumento de expressão, a música é uma ferramenta que faz parte do cotidiano das populações em todos os locais do mundo, desde cultos até funerais e festas.

“Nietzsche, o filósofo, já dizia que viver sem música é um erro”, destaca o maestro da banda Lyra Mogimiriana, Carlos Lima.

Assim, a música é uma expressão que costura os movimentos sociais existentes e dá voz aos mais variados tipos de sociedades e pensamentos, como é o caso do rock, do hip hop e até dos músicos da tropicália, que por meio de suas canções questionaram o sistema vigente durante a ditadura militar, mesmo que de maneira disfarçada.

As músicas que vão contra a ordem imposta e que, em muitos casos, incitam a população a pensar, a se movimentar, estiveram presentes em diversos momentos de nossa história e, segundo o maestro da Banda Lyra Mogimiriana, Carlos Lima, desde o início do século vinte faz parte do nosso cotidiano.

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Para Carlos Lima, da Banda Lyra Mogimiriana, viver sem música é um erro. (Foto: Ludmila Fontoura)

“Então, isso não é novidade, no Rio de Janeiro no começo do século vinte os grupos que foram afastados para o morro começaram a formar os ranchos (que são os primeiros núcleos das escolas de samba que desciam os morros com o som do batuque) para retornar novamente aos seus espaços”, disse o maestro.

Outro exemplo é o som do punk rock, que surgiu na década de setenta, e que tem como objetivo discutir ideias políticas e também os problemas sociais. No Brasil, uma das bandas mais famosas é a Ratos de Porão, criada nos anos oitenta e que tem letras que questionam o capitalismo, a fome em diversos pontos do planeta e também, entre tantos pontos, as guerras.

Em sua essência o rock também surgiu com a ideia de questionamento, quando os Estados Unidos vivia o auge da Revolução Cultural, assim representava no começo dos anos setenta a expressão de um grupo de jovens inconformados com os valores da época.

No entanto, o que acontece é que o rock passa a ser produto do capitalismo e somente alguns artistas mantém sua postura para dizer aquilo que desejam, como é o caso de diversas outras correntes, inclusive do hip hop, do axé e até do funk.

No entanto, apesar de hoje muitas pessoas apontarem que o funk seja pobre em conteúdo e em harmonia, Carlinhos Lima considera que a expressão deva receber atenção, pois trata daquilo que o povo brasileiro vive e por isso se torna mais uma expressão da contracultura no Brasil.

“É uma música feita pelo povo que tem o reflexo do cotidiano do brasileiro. Ela pode ser pobre em harmonia, mas é autêntica e por isso tem sim que ser considerada e até estudada, como você quer uma letra rica se não oferece educação de qualidade para a população?”, questionou o maestro.

Quando a música deixa de falar

Enquanto a música é autêntica e representa o movimento social não há qualquer problema, no entanto, o problema surge, segundo o maestro, Carlos Lima, quando a indústria cultural para usar a expressão como um produto. Desta forma, a música perde suas características e deixa de representar a realidade do povo.

“Se for a verdade de um grupo todas as formas são válidas, a cultura é muito dinâmica e não é regida por leis, então não adianta alguém dizer que é para se ouvir só uma coisa que não vai funcionar. É preciso romper diariamente com os muros de Berlim e a minha luta sempre será por isso”, disse.

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