Uma das principais características de Gustavo Stupp sempre foi a facilidade com as palavras e seu trabalho de marketing, já conhecido em Mogi Mirim, e iniciado lá atrás, desde a campanha que lhe garantiu quatro anos como vereador dentro da Câmara Municipal. Aliás, quem não lembra de suas canções, como o “Agora quero 12, 12, 12”, de seus bonecos, das bicicletas, e de todo o estardalhaço promovido antes de ser eleito prefeito. A capacidade de vender sua imagem como algo positivo, e até engraçado para muitos, por meio do marketing, se tornaram símbolo e um diferencial.
Por outro lado, nos últimos meses, Stupp parece seguir o caminho contrário e transformar as palavras e seu discurso afinado em algo que apenas o prejudica. Não bastasse em novembro, quando em uma coletiva de imprensa onde o tema era a municipalização da merenda escolar ele desabafou, atacou os críticos e defendeu a Administração, na última semana a boca afiada de Stupp voltou a disparar um arsenal de palavras e comentários negativos contra seus adversários, e que pelo visto, darão ainda mais munição ao grupo que tenta desestabilizar o governo.
Em entrevista publicada no sábado em O POPULAR, Stupp disse poucas e boas. Pela primeira vez, de maneira pública, atribuiu ao PT e ao PSOL a mobilização que pede seu impeachment, partidos chamados por ele como de oposição raivosa e com o objetivo de desgastar a imagem de seu governo. E o bombardeio não parou por aí. Desafiou qualquer membro destes partidos a disputar a próxima eleição com ele, disse que encara a chance de ser prefeito como uma ‘missão de vida’, e voltou a relatar que Mogi Mirim é caracterizado por uma classe conservadora, fator que atrapalha a aceitação de sua imagem perante a população.
Stupp precisa ser elogiado por sua sinceridade e clareza, algo cada vez mais escasso em inúmeros políticos espalhados pelo país, muitos deles vistos em Mogi Mirim, que optam pelo discurso simplista e decorativo ao invés de dar a cara a tapa e agir de forma espontânea e verdadeira com seu eleitor. Só que essa sinceridade, ultimamente, mais vem atrapalhando do que ajudando Stupp.
Qual a razão para desabafar contra um grupo que ainda se articula, arquiteta suas bandeiras, e em nenhum momento protestou publicamente contra ele? Atacá-los devido a comentários e movimentos de algumas munícipes em redes sociais, que, diga-se de passagem, é de direito de qualquer cidadão, não parece ser a melhor coisa a se fazer em uma época em que seu governo, é sim, visto da pior maneira possível em diversos cantos da cidade, envolto por denúncias, investigações do Ministério Público, e como ele fiz, uma indústria de boatos.
Ao dizer que as críticas não o desestabilizam, se contradiz e cai na incoerência. Se não o afeta, porque atacar e desafiar a ‘oposição raivosa’? Stupp municia cada vez mais seus ditos rivais, e deixa sua imagem em xeque. É hora de colocar a cabeça no lugar, ver o que está errado, e melhorar o que precisa ser melhorado. O discurso de que seu governo é bom, na prática, não parece surtir efeito. É preciso mais.