A primeira sessão de Câmara do ano começou em clima de disputa eleitoral. Com o ego inflado, poucos vereadores se prestaram a dizer os trabalhos que estão sendo feitos e projetos em andamento para a melhoria da cidade e consequente bem-estar da população. Essa postura de autopromoção na tribuna livre não é nova. Aliás, existe e tem sido colocada em prática há tempos, o que vai totalmente contra a essência do Poder Legislativo.
Se os vereadores são os representantes da sociedade e, portanto, devem ser porta-vozes dos interesses locais, por que ainda se vê parlamentares que legislam em função própria? A Câmara Municipal seria a célula da democracia ou da demagogia? Fazendo uma retrospectiva analítica do cenário político, nos últimos três anos, pode-se concluir que os vereadores, sobretudo aqueles que durante todo esse tempo votaram coagidos pelo Poder Executivo, são culpados pelo atual cenário que Mogi Mirim vive.
É verdade, o prefeito Gustavo Stupp (PDT) é o Chefe do Executivo, mas ele não teria chegado tão longe em seus desmandos se não fosse pela subversão e conivência do Legislativo. De joelhos, muitos “venderam” a dignidade, se é que existia alguma, e jogaram na lata do lixo o voto popular.
Dos três assuntos de suma importância para o município, pelo menos dois foram votados a “toque de caixa”. Projetos a respeito da iluminação, água e relacionados à moradia e infraestrutura, temas que interferem diretamente na vida do mogimiriano, foram aprovados sem qualquer responsabilidade.
E assim a Câmara acabou autorizando a instituição da taxa de iluminação pública, a CIP, a concessão do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae) à iniciativa privada e o Plano Diretor elaborado pela Prefeitura, repleto de falhas. A vontade do prefeito falou mais alto que a necessidade do povo, que hoje arca com as consequências de um Legislativo brando, até mesmo omisso, e que pouco se comprometeu com a missão de fiscalizar os atos de Stupp.
Todo desgaste poderia ter sido evitado se todos os parlamentares estivessem comprometidos, desde sempre, com o dever de garantir uma gestão íntegra e eficiente. Foi essa cumplicidade, que de bem intencionada passa longe, a origem de todos os problemas da cidade.
Agora, a largada foi dada e será cada um por si. Por ser um ano atípico, ou melhor, eleitoral, muitos que estavam ajoelhados diante do prefeito, hoje resolveram mudar o discurso. Cobram e chamam atenção, tentando quebrar com aquilo que compactuaram lá trás. A ficha precisa ser limpa até outubro, mês das eleições. Que a população saiba dar uma resposta à altura nas urnas.