A Polícia Civil vai ouvir formalmente a versão do suposto falso médico que atuou como plantonista da Santa Casa de Mogi Mirim no início deste ano, em meio à uma epidemia de dengue. O acusado deve se apresentar à polícia acompanhado de seu advogado na próxima sexta-feira, para se defender dos crimes de negligência e falsidade e ideológica, que lhe são imputados.
Na manhã desta quarta-feira, o advogado do suposto falso médico esteve na Delegacia de Polícia e informou ao delegado Luiz Roberto Janini Ortiz a intenção de seu cliente de se apresentar espontaneamente e colaborar com as investigações.
À reportagem de O POPULAR, o advogado confirmou ser o representante do ‘Dr. Gustavo’, mas não quis dar detalhes do caso, sob alegação de que ainda não teve acesso aos inquéritos em andamento.
Já o delegado Luiz Roberto Janini Ortiz revelou que o suposto falso médico, de fato, se chama Gustavo Fonseca dos Santos, assim como o médico verdadeiro. “Ele é homônimo do outro, sim, e de fato, cursou medicina também. Mas, ele é formado em outro país da América do Sul”, esclareceu Ortiz.
O POPULAR apurou que o suposto falso médico se formou na Bolívia e, como não possui o registro no CRM não poderia estar atuando no Brasil. Portanto, a prestação de serviço dele junto à Santa Casa de Mogi Mirim era, de fato, irregular.
Há indícios que os documentos apresentados por ele para sua contratação na Santa Casa tenham sido fraudados. Isso porque, a data de nascimento dele não é a que está na documentação apresentada inicialmente e, diferente do verdadeiro Gustavo Fonseca dos Santos que é natural de São Paulo, este que supostamente é formado na Bolívia, é natural de Divinópolis (MG).
Entenda o caso
Em 23 de março, o bancário Ricardo Prado Maiollo procurou a Santa Casa com sintomas compatíveis com os da dengue. Ele estava com febre, dores no corpo, vômito e com 28 mil plaquetas. Na ocasião, ele foi atendido por um plantonista identificado como Gustavo Fonseca dos Santos, que o liberou. Horas mais tarde, o paciente retornou ao hospital com quadro de saúde ainda mais grave e apenas sete mil plaquetas. Embora tenha sido internado às pressas, ele não resistiu e faleceu.
A família de Ricardo Prado Maiollo ficou indignada com o tratamento prestado na Santa Casa e solicitou à Polícia Civil, instauração de inquérito criminal sobre negligência. A partir dessa investigação, o Conselho Regional de Medicina (CRM) convocou o médico Gustavo Fonseca dos Santos a prestar esclarecimentos.
Foi aí que se descobriu que o ‘médico’ que atendeu Maiollo e outras centenas de pessoas naquele 23 de março, era supostamente, um farsante. Isso porque, o verdadeiro Gustavo Fonseca dos Santos prestou depoimento à polícia e ao CRM informando que nunca trabalhou em Mogi Mirim. Mas, na ficha de atendimento ambulatorial do paciente que morreu, constavam o nome completo e o número do CRM do médico carimbados.