Lá atrás, no início do segundo semestre de 2012, quando dava os primeiros passos para alcançar o eleitorado e cravar seu nome junto à população de Mogi Mirim, Gustavo Stupp e sua equipe mesclavam promessas de melhorias em setores essenciais da sociedade, como educação, saúde e segurança, clichês em toda campanha política, com um projeto ousado, corajoso, que beneficiaria milhares de pessoas na cidade. A tarifa social, bradada aos quatro cantos, prometia o preço de R$ 1 no valor da passagem do transporte urbano para toda a população, surgindo como pioneiro na região e uma das principais bandeiras ao longo da campanha.
Assim como elogios, não faltaram críticas contra a implantação do sistema, com a temerosa perspectiva de onerar ainda mais os cofres públicos. A esperança em ver o preço da passagem diminuir, considerada uma das mais altas da região, dava corpo ao projeto, e logo foi aceita pelos usuários do transporte.
Dois anos depois, Mogi já vive a realidade da tarifa social, implementada primeiramente aos domingos, mas que chega a sua segunda fase com a oferta em dias de semana, que abrange um seleto grupo de passageiros. Entretanto, em pouco mais de um ano após seu lançamento, o número de beneficiados está longe do ideal e vai na contramão da expectativa da Prefeitura, que chegou a prever que até 10 mil pessoas iriam usufruir da tarifa.
Não bastassem apenas os 3,4 mil beneficiados, de um universo entre 6 a 10 mil passageiros, a Prefeitura vê o interesse despencar. A procura é cada vez menor. De 30 entrevistas semanais de assistentes sociais com usuários, encontro obrigatório para apresentação de documentos do candidato, o Executivo viu este número abaixar para dez pessoas, em média. Não se pode isentar o próprio passageiro do ônibus circular, que após tanto pedir, pouco faz para pleitear o direito que lhe é concedido.
Mas o papel da Prefeitura não está correto. Se a alegação é de que a população não busca o benefício por acreditar ser difícil reunir documentos e conseguir a tarifa, por que não promover uma campanha e mostrar o quão é simples conseguir a passagem mais barata? A impressão que passa é que o próprio Executivo não se doa tanto em relação ao projeto e parece ter lavado as mãos, já que hoje em dia é difícil notar qualquer tipo de divulgação sobre a tarifa a não ser das vistas em telas de um computador, por meio de sites e redes sociais.
Se o próprio usuário não demonstra interesse, o Executivo deveria acelerar a divulgação, criar ferramentas que despertem o interesse do passageiro e ampliar o leque para a toda a população. Do contrário, o sentimento de dever cumprido parece ser a atitude mais cômoda a ser seguida.