quinta-feira, abril 10, 2025
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Telhado de vidro

Desconheço uma relação tão intensa quanto a familiar. A maternidade não tem nada de suave para mim. Estou toda hora “noiada”, tentando absorver o que está acontecendo, perceber que momento estão vivendo, direcionando o olhar ao que acho importante naquele caso, orientar, encontrar respostas para as indagações que crio na cabeça.

Tudo isso ao mesmo tempo em que aprendo a viver minha própria vida e desafios enquanto indivíduo. Gente, é tudo tão complexo! Quando a criança nasce a gente pensa que não dormir fará parte da vida por um curto momento, só até o bebê parar de mamar. Ledo engano! A gente não dorme nunca mais! Beira a incoerência já que, quando é pequeno, ocorre porque é dependente e depois que cresce, porque é independente.

Recentemente estava na fase do perambular pelo mundo de madrugada em busca das crias, o que me fazia ficar tendo pequenos cochilos, torta no sofá, para não perder a hora. Agora está começando a fase dos amigos que dirigem, o que gera o desconforto de, pelo menos irrisoriamente, perder o controle.

Então, como diriam os mineiros, “agarro” na base: tudo aquilo que fomos significando até aqui, os valores que fomos construindo. Para mim, é contar para que consigam aplicar no mundo aquilo que exaustivamente temos como certo. Bonito isso né, mas funciona? Mais ou menos, porque a teoria é sempre mais fácil e tudo mais eficiente que na prática.

O fato é que, dia desses. eu e o Alisson resolvemos sair para tomar uma cervejinha e acabamos fazendo tudo aquilo que orientamos que nossos filhos não façam. No dia seguinte, a ressaca moral era gritante e só nos restou a honestidade em pedir desculpas e reforçar que, nem de perto, só por sermos pais, aquilo era o ideal.

Quer outro exemplo? A filha começa a namorar, a família corre levar no ginecologista por medo que ela engravide e quem acaba grávida é a própria mãe kkk. Mas, na casa dos 40 anos, como alguém que já sabe de cor e salteado ainda passa por uma gravidez indesejada?

Isso quer dizer que temos que deixar tudo para lá, confiar no destino e não cobrarmos pelas coisas erradas? Não, claro que não! Só precisamos ter em vista, principalmente quando aquele ódio toma conta daquela criatura a quem chamamos de filho, que, sim, nós também caímos no buraco negro às vezes: fazemos errado conhecendo o que é certo.

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