Caros leitores, sou brasileeeiro, com muito orgulho, com muito amooor. Está na cara que gosto do meu país. Minhas raízes. Mas nem por isso tenho de aplaudir um espetáculo de circo de mau gosto. Também amo futebol, como muitos sabem. Já curti mais a nossa seleção. Hoje nem tanto, mas acompanho todos os jogos. Este ano teremos Copa América. Era para ser na Colômbia/Argentina, mas os dois países desistiram. Devido à pandemia de Covid-19 e à instabilidade política.
Acabou caindo no colo do Brasil, com aval do presidente/torcedor de botequim Jair Bolsonaro. Pois é. Por aqui está tudo tranquilo, certo? Não há crise política. Não tem CPI em andamento. Tudo beleza. Ah, e o novo coronavírus já passou também. Quase não há mortes mais por essa doença no país. Que maravilha, presidente! Somos exemplo, então?
Somos, sim, mais uma vez motivos de chacota mundo afora. Sem falar no desrespeito aos profissionais de saúde que lutam com a vida para salvar vidas. E o que ganhamos? Uma Copa América que ninguém quis para chamar de nossa. Não me parece sensato. Não é sensato. É um tapa na cara do povo brasileiro. O que vamos comemorar? 11 campeões e 500 mil baixas?
Pelo menos durante esse mês, o governo federal tenta, com a Copa América, tirar o foco da CPI da Covid, que mira, justamente, Bolsonaro – o negacionista que deu sinal positivo para a competição. Ao contrário, o governador de São Paulo, João Doria, em um estalo de sensatez raro, refutou a Copa aqui. Ele até queria, mas, como teve dedo de seu principal adversário, preferiu ser do contra. Só pra fazer birra e discurso bonito. Quem ele pensa que engana?
E nessa “me engana que eu gosto” o povo brasileiro vai engolindo hospitais sem leitos, atrasos na vacinação, lulismo-bolsonarismo-cinismo e pão e circo, ops, Copa América. Enquanto isso, eu vou torcer por mais vacinas, menos festas clandestinas, mais responsabilidade e humanidade, menos politicagem. Porque eu sou brasileeeiro…
Por hoje, só sexta que vem.