É com muita satisfação e também responsabilidade que inicio um ciclo neste semanário que já faz parte do cotidiano e da história de Mogi Mirim e região. Começo pedindo licença ao amigo leitor para agradecer a toda a equipe de O POPULAR pela oportunidade de compartilhar ideias, pensamentos e reflexões que buscarão sempre enriquecer o debate de questões importantes do esporte, sem se furtar, em nenhum momento, de tocar em outros temas, afinal não é saudável enxergar a prática esportiva e seus efeitos como uma ilha, isolada da sociedade.
Confesso que gostaria de começar com um assunto um pouco mais agradável. Mas, não há como deixar de falar das seletivas e avaliações de meninos, adolescentes e jovens que a diretoria do Mogi Mirim Esporte Clube anunciou que fará a partir do próximo dia 8, com o objetivo de montar equipes nas categorias sub13, sub15, sub17 e profissional.
Lembrando que a única competição adulta que, teoricamente, poderia estar ao alcance do Sapo é a Bezinha, equivalente a quarta divisão estadual, limitada a jogadores de até 23 anos. Tivéssemos um clube em outro contexto e essa informação deveria ser motivo de orgulho.
Mas, obviamente, ela carrega muita preocupação e por que não dizer incredulidade. Não bastassem as inúmeras atitudes temerárias já tomadas pela atual direção chefiada por Luiz Henrique de Oliveira, é necessário pontuar que processo semelhante já aconteceu em meados de 2020 e aqueles que passaram nos testes jamais entraram em campo por uma competição oficial, pois essa diretoria não tinha sequer amparo legal reconhecido.
A instabilidade jurídica continua muito presente e nada garante ainda que o Mogi vá de fato disputar alguma coisa. Mesmo assim, como no ano passado, estão sendo cobradas taxas para participar dos treinamentos. Claro, sabemos que a narrativa usada é sedutora. Um olhar descuidado e um coração que ama pode acabar vendo apenas a grande oportunidade de dar o pontapé inicial no sonho de seu filho. Contudo, os mesmos que hoje tentam passar uma imagem de reconstrução, acabaram não só com a base, mas com todo o resto.
Embora a prática de cobrança seja adotada por outros clubes, o procedimento é vedado pela Lei Pelé em seu artigo 29, que estabelece que a formação do atleta deve ser gratuita e as despesas devem correr por conta da entidade esportiva. Independentemente disso, pergunto a você leitor que conhece minimamente o passado recente do Sapo.
Você confiaria parte do futuro de um filho, neto, ou alguém importante ao Mogi de hoje? Eu não. Com toda sinceridade digo que afora as dificuldades normais do caminho de um aspirante a jogador, formação de verdade vai muito além do campo e bola e requer transparência, profissionalismo e histórico de credibilidade.