De volta ao Boteco, o dirigente e ex-atleta do Mirante, Antonio Ferreira, o Tonico, lembra histórias de concentração e festas e recorda momentos com o ex-dirigente da Tucurense, Paulo Borges Monteiro, o Paulo Bolinha.
Boteco – Como eram as semanas que antecediam as finais?
Tonico – De vez em quando a gente concentrava, hoje concentra só na cerveja. Em 1983, na final contra o Monte Serrat, concentraram a gente lá no Seminário, trataram a gente com bolacha, salada e suco. Era o Abel Borsarin e Daniel Vicente, presidente. Adivinha? Chegou na hora do jogo, 4 horas da tarde, todo mundo morrendo de fome. Perdemos. Tudo com fome… Concentrado comendo salada.
Boteco – E no título de 1985 contra a Vila Dias?
Tonico – Aí já era tudo na cervejada mesmo. Concentração era boa. Tomava até de madrugada e ia jogar bola no outro dia, nunca atrapalhou. Atrapalha hoje um pouco, a turma não tem limite. Na Copa Veteranos, perdemos pro Art-Base o ano passado, tomamos um 5 ou 6. Um dia antes, um time de São Paulo veio jogar aqui. Fomos para uma chácara depois, tomaram 17 caixas de litrão. 3 horas da manhã, os caras bebendo e churrasco, iam jogar 8 horas com o Art-Base. Adivinha? A gente não passava do meio de campo. E os caras acertando tudo na gaveta ainda. Aí atrapalhou.
Boteco – Tem que fazer uma preparação hoje em dia?
Tonico – Tem nada, está tudo veterano. Preparação, esquentar cabeça com jogo? Negada nunca fez, não faz e nunca vai fazer. Junta as famílias, churrasco, janta e bebe mesmo. Forte nosso é que as esposas participam. Às vezes tem encontro de sexta, sábado e domingo. A gente tem uma mensalidade, paga o ano inteiro e no fim do ano, alugamos uma chácara e fazemos uma festa.
Boteco – Torcida não tem mais?
Tonico – Tem, parece que não, não é igual antigamente que tinha batuque, bateria. Mas tem o pessoal que está sempre quietinho, ali, olhando o jogo, não faz barulho, não faz alarde, mas tem o pessoal. Time de bairro.
Boteco – Alguma história de bastidores de dirigente?
Tonico – Eu dava risada nas reuniões que os caras quase saiam no tapa. Paulo Bolinha era terrível. Uma vez teve um time que Paulo Bolinha foi lá em casa, até na época o Bombarda já estava com ele. Ele falou que um time tava irregular e ia ter uma reunião e votação. Eu com o Paulo Bolinha já fomos “armados” pra votação, o time dançou.
Boteco – Qual era o time?
Tonico – Não vou falar que podem ficar bronqueados comigo. Negada tonta, fica brigando em reunião, já vai tudo armado para votação. Miguezão. Para inglês ver.
Boteco – Alguma outra do Paulo?
Tonico – O último Veteranos antes de eu começar a organizar foi em 1995, Paulo Bolinha era presidente da Associação e organizou. Eu sou mirantense e ele é tucurense roxo. Aí ele, presidente da associação, foi no vestiário do Tucura: “raça, temos que ganhar isso aí”. Nós todos escutando do lado, rachando o bico de dar risada. Depois ele torceu o bigode, nós fomos campeões.
Boteco – Muitas viagens para amistosos?
Tonico – A gente ia de caminhãozinho velho do Daniel Vicente, presidente do time. Ganhamos do time do Neto, em Santo Antonio de Posse. Time nosso tinha Titina, Zé Neguinho, eu, Lula, Carlinhos Frangueiro, Paulão, Edgarzinho. Era bom. Foi o melhor time que joguei, era tudo entrosado. O time do Neto estava invicto. A gente tomava tudo guaraná, ninguém bebia.
Boteco – Valeu, Tonico.