“Venha para o Mogi Mirim Esporte Clube e viva experiências inesquecíveis com seu time do coração”. A frase utilizada no lançamento do programa Sócio-Torcedor parece se encaixar perfeitamente na sensação experimentada por torcedores que aderiram ao programa. Porém, as sensações inesquecíveis não foram nada agradáveis. Torcedores se sentem enganados por terem recebido boletos para pagamento, mas não terem o direito aos ingressos como previsto no pacote.
O torcedor Rogério Manera adquiriu o Plano Sempre Mogi, que garante o direito a ingressos nas arquibancadas, e pagou duas mensalidades. Como não recebeu a carteirinha, no primeiro jogo do Paulistão conta ter ido verificar como receber seu ingresso, quando foi surpreendido com a informação na bilheteria de que o Sócio-Torcedor não existe. “Cheguei na bilheteria, falei: sou Sócio-Torcedor. Me responderam: o que é isso?”, contou.
Manera conta que outro funcionário foi chamado e informou que o programa era da gestão passada, ignorando que o Sócio-Torcedor foi implantado na administração de Luiz Oliveira, embora antes do racha com o ex-parceiro Victor Simões. Assim, teve que comprar o ingresso.
No terceiro boleto recebido, Manera resolveu não mais pagar, descontente com a falta de respeito, pois tentou apoiar o programa, mas não teve reconhecimento. Manera ficou sem os ingressos, sem a carteirinha, mas continuou sendo cobrado por algo que no clube era dito não existir.
O torcedor ainda havia estranhado que não havia recebido boletos de outros meses, mas depois viu que estavam na caixa de Spam do e-mail. “Por sorte foi para o Spam”, brincou Manera, que se tivesse pagado teria um prejuízo ainda maior. No entanto, o torcedor pretende pagar os atrasados caso o programa funcione de verdade. Apesar do descontentamento, Manera não pretende buscar seus direitos na Justiça ou acionar o Procon.
Caso semelhante foi vivido por Júlio Cesar Fernandes. Depois de fazer seu cadastro no site, foi gerado um boleto com data de vencimento para depois do primeiro jogo do Mogi. No dia da partida, Júlio falou sobre o Sócio-Torcedor na bilheteria e foi informado que “ninguém sabia de nada”.
Já dentro do campo, começou a perguntar para outras pessoas e ouviu que o “Sócio-Torcedor era uma furada”.
Júlio havia adquirido o Plano Nação Mogi, ao custo de R$ 50 mensais, que dá direito a ingresso na cadeira cativa. Como não teve direito ao benefício, não pagou o boleto. Então recebeu outro boleto via e-mail da empresa da Rede de Vantagens e respondeu com uma mensagem ameaçando acionar a Justiça. “Eu escrevi: o que vocês estão fazendo é estelionato”, lembra.
Júlio conta que pouco depois da resposta recebeu uma ligação da Rede de Vantagens informando que a empresa não estava sabendo do problema e que entrariam em contato com o presidente do clube. O torcedor havia estranhado o fato de o nome de recebimento no boleto ser de uma empresa, a White Club Licenciadora de Marcas, e não do clube. A Rede de Vantagens é o nome fantasia da White. “Ele (Rodrigo, sócio-administrador da empresa) me falou que o dinheiro que o torcedor pagava ia para o Mogi. Alguém está passando a perna em alguém”, cogitou Júlio.
Problema foi resolvido na quinta-feira, garante Rede
O sócio-administrador da Rede de Vantagens, Rodrigo Lunardelli, empresa gestora do programa Sócio-Torcedor do Mogi Mirim, garante ter sido desvendado e solucionado o problema na quinta-feira, depois de ter conseguido um contato com o presidente do Mogi Mirim, Luiz Oliveira. Inicialmente, Lunardelli havia sido surpreendido pelas informações de um problema no Sapo-Torcedor.
Sem entrar em detalhes, Lunardelli explicou ter havido uma falha de comunicação. O problema ocorreu em função de Oliveira ter ficado sem acesso aos dados do programa, o que o impedia de saber quem eram os sócios-torcedores. Agora, segundo explicou Lunardelli, a senha de acesso aos dados do programa está com Luiz. “Está todo o controle nas mãos dele”, resumiu, frisando que em breve o programa estará funcionando normalmente.
Clube suspende programa e promete reativação em breve
O presidente Luiz Oliveira admitiu, na quarta-feira, antes de ter havido um entendimento com a empresa gestora do programa, não estar em operação o Sócio-Torcedor porque o clube não tinha acesso às informações de quem são os participantes. Ontem, o programa foi temporariamente suspenso, assim como os demais projetos de marketing, com a alegação de evitar problemas com os torcedores.
Segundo contou Luiz, a senha de acesso estava com o ex-diretor de marketing, Paulo Amorim, que chegou ao clube por intermédio do grupo do investidor Victor Simões. Com o racha na gestão, Amorim deixou o clube. Desta forma, a ideia é retomar os planos de marketing com outra empresa.
A alegação do presidente é que Amorim passou uma senha que não dá acesso às informações. “A gente não tem acesso à lista. Eles confiscaram as informações”, acusou Luiz, na quarta-feira.
Ontem, a assessoria de comunicação do Mogi informou que o clube iria verificar se teria acesso às informações com a senha recebida após a conversa com a Rede. Posteriormente, com tudo verificado e acertado, os torcedores serão comunicados de como proceder com a volta do programa. Segundo a assessoria, clube e Rede estão agora alinhados para solucionar o problema e retomar o projeto.
Na quarta-feira, o presidente havia orientado que os torcedores não paguem os boletos. “Não paguem, porque a gente não sabe para onde está indo esse dinheiro. Não está indo para o clube. Nada, nem um centavo. Esse é o fato”, declarou, criticando então a postura da empresa, que até então não sabia qual era. “A empresa nunca fez um repasse, por que não repassa”, questionou.
Oliveira questionou o fato de no momento do torcedor gerar o boleto no site, em vez de aparecer o nome do Mogi Mirim como cedente, aparece a denominação da empresa. “Acho que tinha que fechar a fatura para vir para o clube e o clube pagar uma comissão para o gestor da plataforma. A gente não tem nenhum controle”, afirmou Oliveira.
Questionado se não houve um problema de comunicação para avisar que o programa não estava funcionando para evitar que torcedores fossem ao estádio na expectativa de ter direito a entrar, Luiz rejeitou ter havido falha. “Não houve falha, os paladinos da moral e da Justiça querem tumultuar mesmo”, apontou, colocando que a dificuldade da senha foi gerada de forma proposital pelo grupo de Victor.
Procurado por O POPULAR, o ex-diretor de marketing, Paulo Amorim, disse que quando deixou o Mogi Mirim em dezembro forneceu todas as informações para o clube. Disse ainda que em janeiro passou novamente todos os contatos e informações necessárias à nova assessoria de comunicação, inclusive a senha do Sócio-Torcedor, deixando ainda os acessos abertos ao clube. Na quinta-feira, após ser procurado, teve contato com a Rede de Vantagem para intermediar que a senha fosse novamente passada ao clube, o que se concretizou.