Tradicional em Mogi Mirim há diversos anos, o balé, aquela arte que geralmente vemos com ar delicado e cheio de sensibilidade, continua atuante na cidade e a Academia Adágio, liderada pelas irmãs Laura, de 22 anos, e Lívia Gasparini Francisco, de 26, é um dos espaços que continua a proporcionar o contato de pessoas das mais variadas idades com a dança. A dupla, que faz balé desde a infância, marca o início de uma nova fase na arte da cidade, com a responsabilidade de continuar o legado de experientes professoras, que as incentivaram durante toda a vida.
“Eu acho que é muita responsabilidade, mas temos a base da Eliana (Eliana Furno ex-professora), que foi e sempre será fantástica. As crianças nos veem como ídolos e a Eliana é a minha ídolo e está sempre conosco, então ficamos aliviadas. Queremos que a academia seja mais que uma escola, seja uma família, como sempre foi para nós”, destacou Lívia, que também é educadora física e ao lado da irmã, formada em dança, lidera a Adágio há três anos.
Lívia considera que hoje o balé continua forte na cidade e que popularmente teve uma crescente valorização, pois deixou de ser uma arte essencialmente elitizada, já que hoje vários espaços oferecem o curso de forma gratuita. “Hoje posso dizer que nossos maiores talentos são bolsistas, eles se dedicam de verdade”. No entanto, se fosse considerar o incentivo político, em sua opinião, a situação continua a mesma, pois não há qualquer tipo de apoio.
Outro ganho para o balé é que hoje a arte também passou a agregar mais a participação masculina. Mesmo com o machismo enraizado na sociedade, homens de diversas idades passam a praticar a arte cada vez mais. Só na Adágio há oito meninos. “A gente não seria nada sem os bailarinos e se engana quem pensa que os homens fazem pouca coisa na dança, eles fazem muito esforço”, disse Lívia.
E, agora pensando em esforço físico, o que poucas pessoas imaginam, ao notar a delicadeza dos movimentos, é o quanto os bailarinos treinam para, entre tantos passos, ficarem na ponta dos pés. Para isso tornozelos precisam ser fortalecidos, e como conseguiriam se não houvesse treino para tanto? É por este motivo que, na opinião de Lívia, todos os professores de balé deveriam ter formação, serem educados para ter visão anatômica do corpo humano.
Ao considerarem o respeito com o corpo dos bailarinos, Lívia e Laura escolheram trabalhar com a metodologia inglesa, pois é uma das técnicas que mais percebem os limites das pessoas. Neste tipo de metodologia o aprendizado é progressivo, as pessoas se desenvolvem com o tempo, além disso dá espaço para qualquer pessoa aprender balé. “Já vi em algumas academias que colocam balança para as bailarinas, tem métodos que não permitem pessoas gordinhas, por exemplo”, destacou.
Assim, na Adágio, qualquer pessoa pode participar, apesar de algumas técnicas ficaram mais restritas dependendo da condição física do bailarino. No entanto, caso a pessoa queira se tornar bailarina profissional o ideal é que comece a estudar balé a partir dos três anos. No entanto, para chegar ao estágio máximo da arte, e se tornar profissional na arte o bailarino precisa passar por diversos níveis e ser avaliado em diversos quesitos, o que exige muito estudo e dedicação, como qualquer arte ou sonho!
A inspiração
Durante 38 anos, Eliana Furno foi professora de balé em Mogi Mirim. Lívia e Laura estudaram com ela e hoje são proprietárias da academia que Eliana tocou por toda a vida. “Queria entregar para alguém que continuasse com um trabalho sério e sinto que elas estão fazendo isso, e com amor, que é o mais importante. É muito gratificante e prazeroso, eu enquanto professora de balé me realizei na vida”, disse Eliana Furno, que hoje é pianista da Royal Academy of Dance, que é uma das mais importantes companhias.
