sábado, novembro 23, 2024
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Triatleta Albano recorda a vitória épica no Ultraman

O triatleta Ivan Albano recorda o sacrifício para vencer o desafiador UB515, a primeira competição em formato Ultraman da América Latina, realizada de Paraty ao Rio de Janeiro, em 2014. A prova com duração de três dias teve 10 quilômetros de natação, 421 de ciclismo e 84 de corrida, completados por Albano em 24 horas, 40 minutos e 10 segundos.

Boteco – Muitos casos curiosos no Ultraman?

Ivan – Bastante, eu quase perdi a prova no último dia, da corrida. Eu nunca tinha corrido 84 quilômetros. O máximo era 56. Eu já fiz 26 provas de Ironman (distância de 3,8 quilômetros de natação, 180 de ciclismo e 42 de corrida), mas nessa prova eu vi o diabo, tudo que você imagina.

Boteco – Muitas curiosidades?

Ivan – Acabei o segundo dia, era meu aniversário, cantamos parabéns, a gente chegou, o hotel não era legal. Eu precisava descansar. Fui procurar outro, achei um top. Comi um macarrão que não me caiu bem, de bobeira, até então minha esposa e a esposa do capitão da equipe estavam cozinhando, então eu sabia que água usava, óleo. Meu organismo estava debilitado, porque quando você faz muito exercício, o organismo fica praticamente a nível de um aidético, no extremo. E aquela comida de repente estava com um pouco mais de óleo. Eu comecei a passar mal. 11 da noite e eu tinha que acordar 3 da manhã. Passei a noite inteira vomitando. Cheguei para minha esposa: não vai ter jeito.

Boteco – E ela?

Ivan – Falou: “você vai rastejando, chegou até aqui, agora vamos perder por bobeira?” Eu estava em primeiro, mas precisava terminar. Eu queria terminar essa prova porque era o maior desafio da minha vida. Não consegui dormir.

Boteco – Aí você encarou?

Ivan – Falei: “vou ter que largar”. Não tomei café. Fui no carro rezando, tentando tomar Gatorade, dava ânsia.

Boteco – Chegou a vomitar?

Ivan – Antes da largada, não. No quilômetro 30, eu estava na liderança e comecei a vomitar. Todos olharam para mim. O que estava em segundo é Reinaldo Tubarão, um dos nutricionistas mais tops do esporte. Ele começou a acelerar. Aproveitou o momento. Eu não melhorava, corria um pouco, parava. Pensei: vou parar. Eu estava em segundo. Aí pensei: não vou entregar, vou até cair. Chegou nos 50 quilômetros mais ou menos, eu vi uma máquina da Kibon, falei: “nossa, sorvete vai me salvar”. Sei que tomei uns 20 sorvetes, quase acabei com tudo. Só tomava picolé de limão. Aí eu já tinha passado o cara de novo, mas outro, que estava atrás de mim na classificação geral, me passou na corrida. Mas eu estava quatro horas na frente desse cara no geral. Aí eu comecei a empolgar com o sorvete.

Boteco – Ficou bom?

Ivan – Bom não, porque na hora que cruzei o negócio lá, fui para o hospital, eu tive uma desidratação muito grande. Poucas pessoas sabem o que eu passei para ganhar, foi punk.

Boteco – Depois que termina não consegue nem comemorar?

Ivan – Eu consegui só na premiação, na segunda-feira, tomei uma cervejinha, mas não estava conseguindo. No dia, a organização faz churrasco com cervejinha, na chegada. Quem conseguia ficava, a maioria. Eu falei pro organizador: “da próxima, quero terminar e poder tomar uma cervejinha e comer um churrasco, não quero mais sorvete, não (risos)”.

Boteco – Ivan volta no sábado com novas aventuras!

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