sábado, novembro 23, 2024

Triste fim?

É iminente a insolvência do Mogi Mirim EC conforme matérias publicadas por este jornal desde a edição do último dia 13. Em uma série de levantamentos, documentos e pela entrevista do próprio presidente da agremiação, Luiz Henrique Oliveira, constata-se a agonia do Sapão da Mogiana. A permanecer nos moldes administrativos de hoje, as portas do clube devem ser fechadas, em breve. O fato que já se vem anunciando desde o tempo do saudoso Wilson de Barros, por si só, não deveria causar perplexidade, pois a dificuldade de sobrevivência dos clubes de futebol, notadamente os do interior do país, não chega a ser novidade.

Tal constatação, entretanto, não afasta um aspecto curioso em tudo isso: o futebol gira muito dinheiro, mas para poucos. Ainda assim, é emblemática a situação vivenciada pelo clube que toma emprestado o nome da cidade e que por muitos anos foi motivo de orgulho dos seus cidadãos. Reconheça-se que a agremiação, na longa gestão do seu mais importante dirigente, aquele que notabilizou o clube até mesmo internacionalmente, foi administrado com paixão e de maneira absolutamente centralizada. Porque havia paixão, naquele período, deu certo.

O Mogi Mirim EC ganhou fama, porém, mais que isso, amealhou patrimônio. A fórmula: houve um dirigente que serviu ao clube antes de dele se servir. O dirigente se foi e então a paixão pelo clube fez se substituir por interesses, ao que parece, meramente financeiros de quem o sucedeu. O primeiro, pelo suposto vínculo afetivo com a cidade e com o clube, foi acolhido, inicialmente, sem desconfiança, pois no imaginário coletivo tratava-se de uma retribuição a Mogi Mirim que o apresentou ao mundo do futebol.

Com desenvoltura frente à presidência inversamente proporcional a que demonstrou nos gramados, a frustração não tardou. A apropriação de parte expressiva do patrimônio do clube para si, ainda que legítima, fez quebrar o encanto da relação com o torcedor. A transferência onerosa do poder a terceiros sem vínculo com o clube ou com a cidade revelou-se algo inusitado, pois quem pagou alto valor pela cadeira de dirigente de uma associação civil, sem fins lucrativos, perdeu o cargo para o antigo aliado.

Comprou, não levou, mas continua devendo, não ao clube, mas ao seu ex-presidente. Se é óbvio que todos estes acontecimentos conspurcam a histórica do Mogi Mirim EC, inequívoco também que o atual presidente, independentemente das razões que o fazem desejar sua manutenção no cargo, não revela possuir a mínima condição de tirar o clube dessa situação, ao contrário, pelas respostas dadas ao repórter Diego Ortiz, talvez não tenha se dado conta da grandeza do Sapão.

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