O Seminário Pensar Brasil – Diálogo sobre Trabalho, Desenvolvimento e Futuro, que aconteceu no moderno Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, semana passada, continua repercutindo de forma positiva. Um dos aspectos importantes do evento foi o fato de priorizar o diálogo.
Tive a oportunidade de destacar em meu pronunciamento a pauta aprovada pelas Centrais Sindicais, ao final da 3ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, a Conclat, realizada no mês passado.
Seus anseios e reivindicações vão ao encontro do Pensar Brasil, na intenção de garantir aos trabalhadores melhores condições de trabalho e de vida, com saúde, emprego, salário e direitos assegurados.
Este encontro nos colocou diante das principais tendências mundiais, conjugando-as para o cenário nacional sob a perspectiva de geração de trabalho com desenvolvimento sustentável e responsabilidade social.
É imprescindível o engajamento das representações dos trabalhadores no amplo debate. A Reforma Trabalhista de 2017, o interesse do governo em apresentar uma minirreforma trabalhista e de fazer uma reforma sindical, configuram mais um contexto dificultoso para enfrentarmos os ataques contra os trabalhadores.
É importante dialogar com o propósito de definir uma pauta conjunta que vise a construção de um País alicerçado no desenvolvimento e na integração de novos modelos e instrumentos para alavancar os setores econômicos e promover o trabalho digno.
Vale a pena observar que, enquanto dados apontam uma retração econômica e uma redução nos quadros de funcionários em razão da crise, estudos também revelam o crescimento de negócios que conseguiram promover uma renovação diante das problemáticas impostas.
Trago aqui alguns números: o comércio eletrônico teve crescimento de 41% em vendas no Brasil em 2020. Na busca de debelar a crise, 42,5% dos negócios mantiveram o trabalho domiciliar; 28% anteciparam férias dos funcionários; 33,5% das empresas alteraram o método de entrega de seus produtos ou serviços.
Em posse dessas informações, precisamos pensar no que esses dados nos revelam. É importante questionar: Qual é o nosso papel diante dessas circunstâncias que pedem a adoção de medidas emergenciais?
O primeiro ponto que observo é a inovação, acompanhada de novas formas de estruturação das relações de trabalho, que pode ser um instrumento para impulsionar o setor produtivo e desencadear em possíveis e melhores condições de trabalho.
Mas isso depende da integração de esforços de todas as partes envolvidas, incluindo o Estado. O Estado precisa viabilizar a manutenção dos negócios com a observação de garantias básicas imprescindíveis para os trabalhadores, sendo esta relação triangular imperiosa para o desenvolvimento.
Por Luiz Carlos Motta é Presidente da Fecomerciários, da CNTC e Deputado Federal (PL/SP)