terça-feira, setembro 17, 2024
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Um ano sem a nossa referência

A Terra é cada vez mais dominada pela veneração dos humanos ao “Senhor Dinheiro”. Fossemos como a Grécia Antiga ou os povos nórdicos da Idade Medieval e, daqui a alguns séculos, chamariam o Dólar de “um dos deuses sagrados daqueles tempos de trevas”. É triste, mas é real. E é algo que se contrapõe ao que muitas religiões, em sua base, pregam. Como o cristianismo, que teve nas palavras de Jesus Cristo o incentivo ao desapego aos bens materiais, mas que é gritado por muitos que usam e abusam da fé alheia para encher o próprio bolso desta fartura terrena.

E mesmo que saibamos que há tanto mal fantasiado de bem nos dias de hoje, não podemos negar nossas raízes religiosas. Este planeta, perdido na ganância, sempre precisou da fé como baliza. Aos de boas intenções e amor ao próximo, este é um sustento fundamental para seguir com as lutas do dia a dia. E aqui reiteramos o gigante respeito a todas as crenças. Dos evangélicos, que crescem dia após dia, aos que pregam religiões de matriz africana. Toda forma de fé merece respeito. E até a ausência dela. Afinal, se o amor é presente em todas as religiões, amar quem não tem nenhuma também é professar a sua fé.

E alguém que muito fez por Mogi Mirim enquanto comunidade unida nos deixou há exatamente um ano. Foi em um 19 de agosto, mas de 2021, que a cidade se despediu do Monsenhor Clodoaldo Nazareno de Paiva. Hoje, após se completar um ciclo gregoriano da partida terrena de quem era chamado carinhosamente de Padre Paiva, lamentamos a falta que nos faz.

A ausência de uma figura religiosa como ele é daquelas lacunas que uma sociedade sofre para repor. Para muita gente, o Padre Paiva foi muito mais do que o líder de uma paróquia. Era um amigo. Foi o norte para a bússola de muita gente, sobretudo daqueles que nasceram nos arredores do bairro da Santa Cruz, uma região existente antes mesmo do socorrense Paiva desembarcar em Mogi Mirim, mas que cresceu muito por conta do trabalho clerical encabeçado por ele.

A Paróquia da Santa Cruz surgiu em 1959, já com o Padre Paiva como liderança. O bairro se desenvolveu. A cidade também. São por figuras como ele que faz a diferença não sermos dependentes exclusivos de lideranças políticas. Por mais que o próprio não fugisse da temática, tivesse seus momentos considerados como polêmicos e, até no futebol, não escondesse a preferência por uma camisa preta e branca, um escudo altaneiro, mostrou a todos nós que pensar diferente não significava estar acima ou abaixo.

Padre Paiva construiu uma história linda em uma cidade em que não nasceu e que sempre foi marcada por ser bairrista. Mogi não foi assim com o Padre Paiva. Com ele, demonstrou toda a sua simpatia e ele devolveu a gentileza com amor, trabalho e dedicação. E mais uma pitada de amor.
Que a falta que os mais próximos sentem e até aqueles quem nem entendem a sua influência, mas usufruem dela, possa marcar o respeito por aqueles que lutam por uma Mogi Mirim mais justa, humana e unida.

De mãos dadas não apenas ao Catolicismo pelo qual o Padre Paiva dedicou toda a sua vida, como às outras religiões. Sempre com o “amor ao próximo”, expressão tantas vezes proferida nas homilias de quem procurou nos conduzir ao caminho do bem real.
Daquele em que fraternidade e respeito à diversidade caminham lado a lado. Saudades, Padre Paiva. E, mais uma vez, obrigado por tanto!

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