Foi divulgado recentemente o calendário de pagamento do AME. O Auxílio Municipal Emergencial irá beneficiar famílias em situação de vulnerabilidade social, um termo chique para tratar daqueles que vivem em extrema dificuldade financeira. Cremos que todos são cientes de que, quando o assunto é dinheiro, o mundo é completamente injusto. E o Brasil, com a sua imensa desigualdade, com os poucos que têm muito e os muito que têm tão pouco, é um retrato fácil a este abismo entre irmãos e irmãs.
Em meio a uma situação tão delicada quanto uma pandemia, que obriga sacrifícios de todos, como o fechamento do comércio para uma redução na circulação de pessoas e, por consequência, do vírus, a criação de emprego, que já andava para trás, retraiu ainda mais.
Há uma parcela da população que costuma se colocar contrária a qualquer benefício social. Dizem que é preciso ensinar a pescar ao invés de dar o peixe. A maioria que se apega a essa máxima, já nasceu herdando um aquário lotado de peixes, suficiente para a sua e outras gerações.
O AME, por exemplo, beneficiará famílias em que a renda, para cada morador da casa, é de R$ 275. É o valor que muitos gastam, por exemplo, em um final de semana, apenas com vinho ou cerveja. Enquanto o próximo, que não nasceu em berço dourado, precisa se virar com este mesmo valor, em um mês inteiro, para comer, beber, pagar as contas etc. Dá para achar injusto o pagamento de R$ 200 por três meses? Na verdade, com um pingo de sensibilidade, olhamos ao AME como muito, mas muito pouco.
Porém, é melhor do que nada. E é um sinal do quanto é importante quando Executivo e Legislativo caminham juntos. E que o auxílio de hoje se transforme em apenas a primeira etapa de melhorias no sentido de tirar essas famílias mogimirianas da condição de uma renda per capita vergonhosa.
Apenas nesta campanha, 1.456 famílias serão beneficiadas. Consegue ter noção do que isso significa? Do potencial que esta miséria gera para, entre outros exemplos, a ampliação de pessoas para a criminalidade? Vivemos em um mundo em que o dinheiro controla tudo, em que desejamos as melhores roupas, os melhores carros. A tal da vida melhor.
E não são apenas nós, que tivemos um pouco mais de sorte ao vir ao mundo, que queremos todo o luxo possível. E se há tanta gente que, mesmo se banhando desde cedo de ouro, se inclina à ilegalidade, sonegando impostos ou agindo de forma corrupta, não é anormal pensar que o abismo social induz alguns a fazer o que não se deve.
Que haja caminho para um Auxílio Municipal Efetivo. Um AME constante, contínuo, duradouro. E integrante de um projeto que entregue aos que mais precisam mais Educação, Saúde, oportunidade de emprego. E aos empreendedores mais condições de se comprometer com a geração de emprego. Afinal, boa parte dos nossos empresários está mais próxima da classe trabalhadora do que da verdadeira elite, que engorda e se farta da miséria e do desespero dos que quase nada tem.