Ao mesmo tempo em que as desigualdades sociais são consequências naturais de uma sociedade capitalista, o próprio capitalismo, com suas nuances de competitividade selvagem, impedem qualquer obrigatoriedade moral da prática de caridade. Diante de um cenário competitivo em que, independente da condição financeira, cada cidadão tem seus objetivos e enfrenta obstáculos, não cabe cobranças de solidariedade. Porém, a colaboração espontânea é capaz de gerar reflexos positivos à coletividade e individualidades nas duas pontas dos atos de generosidade.
Para quem aprecia o bem-estar coletivo ou se sensibiliza ao ver a realidade de uma pessoa melhorar, por mínimo que seja o benefício, a solidariedade é positiva na medida em que gera uma satisfação pessoal àquele que ajuda. A quem é beneficiado os aspectos positivos são, em geral, mais práticos e técnicos do que psicológicos, embora a questão emocional também seja contemplada em variados sentidos, pois solidariedade não está necessariamente ligada a questões materiais. Para os que se preocupam com a possibilidade de uma ação solidária poder incentivar o comodismo de indivíduos indispostos ao trabalho, cabe haver equilíbrio na observação de cada situação, de forma criteriosa, pois boa parte dos atos visa resolver problemas emergentes ou envolvem um aspecto mais global em que a questão do incentivo à inércia não se encaixaria de forma eficiente.
Aos favoráveis à solidariedade, qualquer momento pode ser aproveitado, assim como ajudar de forma ininterrupta é uma opção. Por outro lado, o atual estágio do calendário, junho, gera um cenário responsável por facilitar ações de colaboração. Uma das possibilidades é fazer doações de agasalhos e cobertores, colaborando com pessoas carentes, que sofrem com o frio, vivendo ao relento ou sem condições de adquirir uma roupa adequada ou uma coberta. No cenário de desigualdade, é comum agasalhos ficarem anos inutilizados em guarda-roupas, sem qualquer função. Direcionar um material inútil para se tornar útil é uma ação inteligente, em que a positividade é difícil de ser negada. Ao mesmo tempo, a participação em festas juninas de entidades assistenciais é outra oportunidade na colaboração para que instituições angariem recursos em prol de ações coletivas. As ajudas podem ser tanto na aquisição de entradas e produtos, como na própria atuação voluntária. Assim como observar uma pessoa se sentindo bem com um agasalho é agradável, participar das festas pode ser muito divertido, em companhia de amigos e família e podendo gerar encontros interessantes.
Pequenas ações individuais ou coletivas podem ter um resultado fantástico aos carentes. A junção de ingredientes como solidariedade, diversão e generosidade espontânea só pode resultar em uma receita saborosa, saudável e nutritiva.