Erik Penna
Cada vez que as pessoas encontram uma boa desculpa, abrem mão de um ótimo resultado. Digo isso porque há muita gente falando de crise, às vezes até utilizando o jargão “tempos difíceis” para justificar os maus resultados.
Será que as coisas estão realmente difíceis pra todo mundo? A resposta é não. Há muito progresso e empresas ampliando os negócios, ganhando dinheiro e crescendo normalmente em 2015.
Não se apegue apenas às notícias ruins para explicar as metas não atingidas, aliás, o mercado está recheado de empresas com resultados expressivos. No mês passado, enquanto alguns shoppings reclamavam da crise, apliquei um treinamento num deles, em Pernambuco, que registrou um crescimento de 2 dígitos no primeiro trimestre do ano.
Enquanto algumas organizações demitem, outras contratam, atuam em vários turnos e fazem horas extras. Segundo a ANFAVEA, a venda de carros novos caiu 19,2% no período de janeiro a abril de 2015 em comparação a 2014, mas saiba que a Toyota, Hyundai, Jeep e Honda estão se dando muito bem.
Para se ter uma ideia, enquanto algumas montadoras demitem ou dão férias coletivas, a Toyota vendeu 56,7 mil automóveis e comerciais leves (incluindo importados), 7% a mais no mesmo período do ano passado. A Honda em meio à crise lançou o utilitário-esportivo HR-V. Hoje, os funcionários fazem hora extra para atender o mercado, atualmente tem fila de espera de até 120 dias nas concessionárias e as vendas da marca aumentaram 15% no primeiro quadrimestre de 2015. Outra marca asiática, a Hyundai, chega a operar em três turnos e, assim como a Honda e a Toyota, não adotou medidas de corte de produção, nem férias coletivas.
Acompanhei também o expressivo crescimento da Estrela Franquias, rede de lojas Barriga Verde/Caverna do Dino, vendendo cada vez mais no ramo de moda infantil. O que dizer então do setor de serviços, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), cresceu mais de 4% com destaque ao segmento de seguros, que segundo a Susep, teve crescimento de 22,4% no primeiro trimestre do ano em comparação a 2014.
Pesquisas apontam ainda crescimento nos setores de beleza, tecnologia, artigos de papelaria, comércio eletrônico, atacadista e alimentos, com grande destaque para o agronegócio.
Sei que enfrentamos dificuldades e não estamos vivendo em época de vacas gordas, mas não se iluda pensando que todas as empresas e setores estão fracassados, que só temos péssimos desempenhos e que tudo está perdido.
A reflexão que fica é: analise esse contraste de performances e pense sobre o que será que estas organizações estão fazendo para crescer em meio à turbulência. Com certeza não ficam paradas reclamando da crise, mas ao contrário, estão se reinventando, inovando processos e produtos, revendo seus diferenciais, capacitando suas equipes, repensando o mix ofertado ao mercado, criando novas parcerias, adequando e aperfeiçoando seus produtos, descobrindo outros nichos, qualificando-se na prestação de serviço para atuar com excelência e investindo em diferentes canais de divulgação para atrair mais clientes em tempos difíceis. As dicas acima são alguns dos caminhos que podemos trilhar ao invés de ficarmos apenas resmungando e nos escondendo atrás das agruras econômicas.
Erik Penna é especialista em vendas, consultor, palestrante e autor dos livros “A Divertida Arte de Vender” e “Motivação Nota 10”. Site: www.erikpenna.com.br