O planejamento com vistas ao futuro é uma das premissas básicas na organização de qualquer sociedade responsável. A participação da população na garantia do êxito de um projeto em que as ações no seio da comunidade influenciam diretamente na realidade coletiva é, indubitavelmente, essencial. Porém, as lideranças da sociedade exercem responsabilidade e papel ainda mais fundamental para uma construção harmônica, sincronizada e eficiente das ações populares. Nesse sentido, o papel do poder público como líder principal de um município, estado ou país pode ser considerado indispensável ao se considerar, além das responsabilidades, a força de seus atos tanto no aspecto financeiro como de poder para ditar rumos.
A escassez cada vez mais alarmante da água com o cenário temeroso do que pode vir a acontecer no futuro com a falta de recursos disponíveis e o aumento populacional é atualmente uma das principais preocupações da sociedade. No entanto, apesar da situação ser séria e preocupante para o futuro das gerações, a maioria das pessoas aparenta ainda não ter tomado consciência da realidade e o desperdício segue ocorrendo por mais que existam campanhas de conscientização. Um dos motivos é a prioridade escancarada de uma infinidade de pessoas dada aos interesses momentâneos, a curto prazo e individuais em detrimento das necessidades coletivas e de longo prazo.
A Secretaria de Agricultura da Prefeitura de Mogi Mirim oferece um exemplo positivo no sentido de se preocupar com o futuro da sociedade ao projetar a recuperação de áreas degradadas por meio de técnicas de preservação do solo e nascentes de rios. A Prefeitura tem na Secretaria de Agricultura um braço para alcançar, dentre outros fatores, os interesses de uma fatia da população, os produtores rurais. Essa parte da comunidade evidentemente não pode ser ignorada tanto por seus próprios valores como pelo fato de interesse específico refletir em amplo campo populacional.
Um dos pontos mais interessantes do projeto é despertar o interesse para o problema e motivar a sociedade, dando exemplo. A ação tem participação do 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Edna Fávero Choqueta. A nova geração passa a ser educada, envolvida no tema e pode ajudar a disseminar as ideias para as gerações mais antigas da família, como pais e avós.
O foco principal é conscientizar não apenas os produtores rurais, mas a população de que a origem do problema da falta da água não está somente na tão propalada redução do consumo, mas também na preservação do solo. Isso porque é do solo que é gerada a água. O Secretário de Agricultura, Valdir Biazotto, revela indignação em se alertar muito sobre a seca, mas pouco se falar sobre técnicas de preservação do solo, que retém a água. Um solo degradado assoreia rios e prejudica o depósito de água.
O projeto busca justamente recuperar o solo degradado em torno de nascentes. As ações envolvem uma parceria entre Prefeitura e produtor, completando um importante vínculo, com uma união produtiva entre poder público e população. Mais do que o exemplo dado pelo projeto, a indignação do secretário de Agricultura é algo a ser comemorado ao escancarar a ideia de que a Prefeitura não está de mãos atadas ou olhos fechados para um problema de dimensões estratosféricas.