A cada escândalo de corrupção, um desvio de foco para o povão. O Governo Federal se tornou sinônimo de esquemas e negociatas. Isto não é de hoje, claro. Cada um, ao seu modo, isto sempre foi assim. Foi no Império quando o controle era ainda mais fácil. E se tornou recorrente na República, em que a única diferença entre presidências civis e militares foi a de que, com as mãos fortes das forças armadas, sempre houve, além da habitual roubalheira, censura (para que nós, marionetes, achássemos que eles fossem perfeitos) e, óbvio, violência contra quem faz oposição.
Hoje não vivemos em uma típica ditadura militar, afinal, o capitão e o general escolhidos para governar o país chegaram lá através do povo. Entre os métodos de governo está executar exatamente as ações que imputa aos adversários, como o aparelhamento do Estado. Tem militar saindo pelo ladrão… E, para piorar a nossa situação, veio a pandemia de Covid-19. A não-gestão do tema nos conduziu para mais mortes e caos do que deveria ocorrer. A ciência foi preterida e, se não bastasse, ainda estão se empilhando casos de corrupção dentro do Ministério da Saúde.
E o que tem de capitão e general envolvido… É triste, para muitos, que o Governo que surgia como esperança após anos de escândalos com o comando antecessor seja apenas mais do mesmo. Já se orgulha em gritar que faz parte do Centrão. Sim, aquele grupo de partidos que se alinham para quem paga mais. Mas como se surpreender? Oras, o atual presidente sempre fez parte deste sistema. É figura carimbada no partido do Paulo Maluf, o civil escolhido pelos militares para governar São Paulo e que, bem sabemos, se orgulhava do “rouba mas faz”.
Estamos caminhando a passos largos para o momento de olhar os candidatos já considerando que todos roubam e aí nós decidimos votar no Plano de Governo, naquele que mais se alinha a cada um de nós, em sua linha de pensamento e ação. O que não dá é para cair em falácias que levem a golpes. E é lamentável que o atual governo já esteja apoiado em uma muleta para uma eventual derrota nas urnas. Aliás, desde antes do pleito de 2018, Jair grita sobre a necessidade de voto impresso e diz ter provas de fraudes nas eleições. Sim, na eleição em que ele venceu, seus filhos venceram e muitos da sua base foram eleitos. Até hoje sem nenhum tipo de prova, fala em “voto auditável”.
Como se não se pudesse auditar a urna eletrônica. E, o mais interessante, é que, em 1993, ele bradava em entrevista a jornal que o voto impresso gerava fraude e que modernizar o processo eleitoral era fundamental. Presidente, ganhe na raça. Como bem fez em 2018. Pare de incitar a parte da população que é fiel a seus preceitos a um caminho mentiroso e que só expõe o quanto teme perder a cadeira atual e as proteções que ela oferece a você e à sua equipe, cada dia mais afundada em escândalos. Como bom machista que é, faça valer a máxima misógina e “brigue como um homem”. Eleição não é lugar para moleque.