Coisas estranhas também acontecem no governo de Carlos Nelson Bueno, prefeito de Mogi Mirim pela terceira oportunidade em um espaço de 13 anos e quatro meses. Se suas gestões são marcadas por méritos e benefícios inegáveis para a estrutura da cidade, escorregadas, que comprometem sua imagem ao longo dos anos, também fazem parte da rotina. Uma delas veio à tona na última semana, e teve o transporte público municipal como destaque.
Sem alarde, a Prefeitura, através de seu Diário Oficial, publicou um decreto, assinado por Carlos Nelson, autorizando o reajuste da tarifa do transporte coletivo para R$ 4,20, R$ 0,70 a mais em relação ao atual valor. O aumento, que não acontecia desde dezembro de 2015, teria início na última quarta-feira.
O anúncio caiu como uma bomba, e se espalhou por todo o município, com descontentamento claro dos usuários, há anos insatisfeitos com um serviço aquém do valor cobrado na catraca.
Mas, o que chamou a atenção foi a maneira como o decreto se tornou público. Mostrando desconhecimento ou falta de organização, a Prefeitura soube que o reajuste não poderia ser realizado devido a um projeto de emenda à Lei Orgânica do Município (LOM), de 2014, de autoria da então vereadora Luzia Cristina Côrtes Nogueira (PSB). Nela, ficou definida a obrigatoriedade de realização de uma audiência pública para atos que estabeleçam o reajuste da tarifa do transporte público coletivo urbano e rural. Na ocasião, devem ser apresentados “os documentos correlatos, especialmente a planilha de cálculos”, como esclarece o texto da emenda. Ciente do erro, o Executivo voltou atrás e revogou o decreto.
A situação espanta e lembra os piores momentos da gestão de Gustavo Stupp, marcada por trapalhadas, falta de planejamento e um festival de erros. Como, em um governo tão experiente, com secretarias municipais comandadas por profissionais gabaritados, a Prefeitura não descobriu a necessidade da audiência? Esqueceu?
A impressão é que tudo foi na base do atropelo. Não entrando no mérito apenas do erro, mas como um Poder Público não promove encontros, apresenta planilhas com a necessidade do reajuste, e convoca a população para tomar ciência do porquê aquilo é necessário? Onde estão os representantes da Viação Fênix para corroborar com a tese? O debate foi jogado para debaixo do tapete? A transparência do governo está exposta em um curto espaço de jornal?
Carlos Nelson oferece um prato cheio para que a oposição o esculhambe, a situação tenha dúvidas sobre suas ações, e municia os adversários para o atacarem. A imagem de político está cada dia mais arranhada com o mogimiriano. É hora de abrir o olho antes que seja tarde.