O entusiasmo apresentado por políticos e governantes pode ser positivo no sentido de entrega aos interesses da coletividade, impulsionando, além de ações, a criatividade para o surgimento de ideias benéficas. Porém, o entusiasmo deve ser equacionado com um raciocínio equilibrado no momento de gerir o poder público, em que a responsabilidade de ser um comandante é imensurável. Antes de expressar pensamentos, o governante deve se lembrar que não se trata de um cidadão comum, mas de uma figura pública cujas palavras adquirem dimensões diferenciadas e são revestidas da responsabilidade de um representante do povo. Uma palavra mal expressada ou comunicada de forma exagerada pode criar falsas ilusões, gerar expectativas frustradas e provocar uma efervescência desnecessária na sociedade facilitando o disseminar de falsas informações.
Nesse perfil de governante entusiasmado acostumado a proferir ideias sem muita cautela, está o prefeito Gustavo Stupp. A facilidade enquanto personagem no relacionamento pessoal com a imprensa e a comunidade quando se propõe a estar presente carrega em si um mérito de Stupp, que acaba soltando o verbo, muitas vezes agindo com espontaneidade inusitada, em um perfil mais interessante do que o de um estilo ditador silencioso. Porém, é necessária cautela para se lembrar que está no papel de prefeito. O estilo falastrão acaba por contaminar o governo. A secretária de Educação, Márcia Rottoli, anunciou o projeto do cartão escolar para 2015, em que seriam investidos R$ 2 milhões para proporcionar R$ 200 em crédito para compras de 9.400 alunos.
A notícia criou grande expectativa em pais, que comemoravam o benefício e acabaram ficando em dúvida diante das informações posteriores. Agora, Márcia anunciou a desistência após um posicionamento contrário do Tribunal de Contas de Mogi Guaçu. Antes de divulgar, a Prefeitura deveria ter feito todos os trâmites, com as devidas análises jurídicas. Não bastasse isso, no mesmo dia do recuo, Stupp divulgou a intenção de trocar a cesta básica por vale-alimentação dos funcionários públicos.
Nesse caso, trata-se de uma ideia, mas ainda assim Stupp poderia aguardar para dar publicidade ao projeto. Sobre o estilo de lançar projetos no ar e depois desistir, Stupp alega que adota esse procedimento para medir a reação popular. Porém, há maneiras mais responsáveis de conhecer os interesses do povo.
A Prefeitura poderia medir a aceitação dos projetos com audiências públicas ou eventos semelhantes ou até mesmo consultas populares por intermédio de pesquisas, como Stupp chegou a querer fazer para determinadas avaliações e acabou desistindo após ser criticado. Ouvir a população de maneira clara e objetiva, em reuniões ou pesquisas referentes a futuros projetos, seria positivo, tanto no aspecto de planejamento, agindo com mais profissionalismo, quanto no sentido de tratar os munícipes com o respeito devido, sem falsos alardes.