Todas as manifestações são bem-vindas no processo democrático, desde que respeitadas as diferenças de opinião, não afetem a liberdade das demais pessoas e não transgridam o ordenamento legal. É regra no mundo civilizado que as formas de protesto devem atender aos interesses dos reivindicantes, que retêm o direito de expor seus propósitos de forma clara e contundente, principalmente se for para reverter alguma ordem institucional. Mas, até a efetiva mudança pelas formas legais e aceitas, as leis devem ser respeitadas e os cidadãos devem ditar os protocolos em consenso da maioria.
As manifestações que tomaram as ruas em junho passado foram um exemplo inequívoco de como a sociedade pode se manifestar, se impor, tornar claros seus objetivos. A arruaça e os atos criminosos de vandalismo foram focados em seu devido lugar – o crime, a contravenção, a falta de respeito – e prevaleceram os gritos de indignação de uma população inconformada e indignada.
Passada a euforia do repente cívico, as atenções se voltaram para a realidade do engajamento, da participação política, da conscientização, dando espaço a um processo de reavaliação desta realidade e a proposição de uma nova ordem.
Nas ruas e na alegoria libertária, restaram alguns poucos jovens, imberbes políticos, que insistem em marcar presença de forma teatral, vestindo a persona anarquista para reverter uma ordem que eles condenam. Em verdade, pouco se sabe do que pregam, até porque sua opinião se restringe a menos palavras que uma comunicação por twitter, deixando todos sem saber se são contra tudo ou não são a favor de nada.
Em Mogi Mirim, um destes grupos tem surgido eventualmente, marcando presença em sessões da Câmara de vereadores. Em uma ocasião, em curioso e bem-humorado protesto, serviram pizza aos presentes. Mas extrapolaram – e erraram feio – quando vaiaram uma homenagem especial que se fazia à colônia japonesa em Mogi Mirim, que parece eles ignoram a importância e o legado.
Na segunda-feira, a brincadeira ficou séria e perdeu a graça. Em dia marcado pela presença de idosos para uma singela homenagem ao Dia dos Pais, os anarquistas de shopping espalharam naftalina na escadaria da Câmara, tornando quase insuportável a presença no plenário. Um protesto sem eira nem beira, inconsequente e criminoso.
Um desastre que coloca um ponto final na relativa relevância de um grupo que poderia estar extraindo e dando lições de cidadania, mas que se resume a um patético coral de baderneiros sem causa. O cheiro da naftalina bem poderia ilustrar o atraso e intempestividade da postura destes pseudoanarquistas.