A evolução da concorrência deve ser vista como uma positiva oportunidade para crescimento, com estímulo à criação de diferenciais. No momento em que se observa um elemento diferente no mercado e se teme uma queda no próprio negócio, a alternativa mais positiva é buscar mecanismos para evoluir. Combater o concorrente com manifestações para tentar prejudicar o negócio de terceiros é a forma mais cômoda e menos admirável de se posicionar no mercado.
A nota de repúdio da Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm) contra a realização do evento Food Truck, festival de comidas de rua montando em caminhões, oferece uma sensação de antipatia que não combina com o perfil de simpatia do presidente da entidade, Sidney Coser.
A realização do Food Truck, se confirmada, é uma oportunidade para mogimirianos conhecerem um interessante modelo gastronômico. A ideia deveria ser apoiada por beneficiar o lazer. Evidentemente que para ter o direito de se instalar, a organização deve atender aos mesmos requisitos exigidos pela Prefeitura para eventos locais uma vez que Mogi não pode simplesmente abrir os braços para um evento de fora apenas pela raridade de atrações. Vencida a etapa do atendimento às exigências que deveriam ser feitas, o Food Truck é merecedor de ser abraçado pela comunidade.
A Acimm reclama que o evento irá se instalar na cidade justamente em dia próximo ao pagamento, fazendo munícipes gastarem no Food Truck em vez de deixarem seus recursos em restaurantes de Mogi. Diante dessa realidade, a Associação opta pela alternativa mais cômoda: combater a existência do concorrente. O ideal seria a criação de alternativas diferenciadas para os bares e restaurantes enfrentarem o Food Truck, com estímulos à criatividade e qualidade, além da busca contínua de um patamar mais elevado.
Uma cidade que conta com o Pólo Gastronômico não deveria temer um evento de dois dias, mas sim abraçá-lo e procurar usá-lo a seu favor de forma inteligente, surfando na onda da atmosfera positiva proporcionada. O evento ajuda no turismo na medida em que pode atrair curiosos da região, que assim podem se sentir seduzidos por estabelecimentos locais se houver ousadia.
A Acimm deveria ter uma mente mais focada na liberdade, pensando na evolução e no respeito aos mogimirianos, que são justamente os clientes dos estabelecimentos. Se os tempos são de crise, praticamente todos são afetados, não apenas o comércio. Diversos clientes gostariam de ter em Mogi um evento como o combatido pela associação, pois permitiria que pudessem ter algo diferenciado sem sair da cidade.
O mogimiriano deve ter liberdade para gastar seus recursos com o que bem entender respeitados os limites legais. Não se deve trabalhar com uma ideia de benevolência ao comércio de Mogi, mas sim os comerciantes devem atrair o interesse pela qualidade e não por compaixão. Afinal, a competência é que merece ser premiada.