Hoje a classe médica está passando por um grande desafio com uma nova geração de pacientes que, antes de buscar o profissional, consultam o “Dr. Google”. Entram em sites diversos em busca de explicação para seus sintomas e por informações de doenças já detectadas. Esse paciente chega ao consultório médico com o seu diagnóstico e com a lista de exames que quer fazer e, às vezes, até mesmo com o tratamento que quer realizar. Da mesma maneira, já sabemos que se um programa de domingo na TV aborda uma doença em uma reportagem, na segunda-feira lotam os consultórios médicos com pessoas que se identificam com esta doença, obrigando o médico a investigar ou contra-argumentar sobre tal patologia.
Sem dúvida, estamos vivendo um novo momento na medicina em que o conhecimento da população está mudando a relação entre médicos e pacientes. E muitas vezes, o indivíduo informado pela mídia está mais atualizado do que o próprio médico em determinados assuntos. Nesses casos, o profissional despreparado sente-se inseguro e cede sem questionar às solicitações do paciente.
Assim, exames desnecessários são pedidos seja pelo desconhecimento do médico, pela falta de saber o que fazer ou pelo simples interesse em mostrar ao paciente que está errado nas suas “pesquisas” individuais. Outro ponto a ser discutido são os avanços experimentais de medicamentos ou tratamentos que não têm autenticidade ainda comprovada, mas que são divulgados como solução para determinada doença e que o paciente busca como alternativa para seus problemas.
Além de essas serem atitudes que encarecem a medicina e sobrecarregam o sistema de saúde, elas não vão resolver essa situação nem melhorar o cenário. A única maneira de lidar com essa nova geração de pacientes é a atualização constante.
Os profissionais da saúde precisam estar sempre informados sobre doenças, tratamentos, medicamentos e tudo mais que há de novo no setor. E não apenas por revistas científicas e congressos, mas também acompanhando notícias e informações que circulam nas mídias convencionais e sociais. Nas escolas de Medicina, esse assunto precisa ser abordado com clareza, gerando discussões que permitam que o profissional que sai da faculdade esteja apto para lidar com essa situação.
É preciso ainda que o médico gaste tempo com o paciente, conversando, argumentando e explicando os equívocos (se houver) das informações trazidas pela internet. Afinal, mais do que simplesmente tratar doenças, estes profissionais têm um papel de educar e orientar a sociedade no que diz respeito a sua saúde.
* Cadri Massuda é presidente da Abramge PR/SC – Associação Brasileira de Medicina de Grupo Regional Paraná e Santa Catarina.