E no último domingo foi comemorado mais um Dia dos Pais. Muitas famílias fizeram almoços especiais, encheram o barrigão de churrasco, o comércio deve ter ficado aberto até mais tarde e é aquela história de todos os anos. Mas, nem tudo é legal nesta data, aposto que muitas crianças devem ter tido que passar pela situação de fazer presentinhos ou homenagem para a figura masculina do pai nas escolas – sem ter o pai presente na família ou na própria vida. Isso aconteceu comigo ao longo de minha história, por motivos que hoje não convém contar – porque a novela é complexa, mas continua acontecendo com meus alunos, meus vizinhos e muitas pessoas por aí. Essa é a realidade de muitas famílias.
Então, gente, o negócio é não generalizar. Muitos não têm a figura paterna como ídolo, super-pai e/ou paizão fofucho e que segura as pontas da vida, porque para muitos os pais são suas mães, seus avós, seus irmãos e às vezes até outras figuras.
Hoje, essa situação não me afeta tanto como quando era uma criança, já sei de uma forma “meia-boca” lidar. Fazer o quê se os caminhos foram diferentes? Mas, peço a vocês que se lembrem sempre dessas crianças, destes jovens, daqueles que cresceram sem seus pais. Tem crianças que jamais terão para quem entregar seus cartões produzidos na escola, tem pequenos que não terão uma figura paterna para usar uma gravata em suas casas ou entregar aqueles presentes feitos, sei lá, de macarrão, etc. As famílias estão cada vez mais diversificadas e monoparentais, sendo que, na maior parte, são as mulheres que acabam cuidando da casa e das crianças, por variados motivos.
Por isso, é preciso rever as ações que são realizadas com as crianças para que elas não sintam-se diminuídas, mas sim empoderadas. Ensine-as a reconhecer e valorizar que há vários tipos de lares e famílias, que problemas existem, mas que elas podem e devem seguir seus caminhos de cabeça erguida – talvez mesmo sem eles ao seu lado. Isso porque com toda certeza terão outros suportes, outros ombros e mãos estendidas.
Sem contar que há ainda uma outra vertente: o lado daquelas pessoas que têm a oportunidade de crescerem ao lado da figura paterna, mas que não exercem papel algum em suas vidas. Que às vezes pagam suas pensões e esquecem de suas responsabilidades. Ser pai não é apenas colocar comida na mesa e pagar as contas, assim como ser pai não é só buscar na escola e comprar o lápis. Ser pai é compartilhar do caminho dos filhos. Para quem faz tudo isso, feliz dia da responsabilidade, seja homem ou mulher! No meu caso, feliz dia da responsabilidade para minha avó, Cecilia! Valeu, vó, todos os dias.
Ludmila Fontoura é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puc-Campinas, além de Historiadora e pós-graduada em História Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi Guaçu, as Fimi.