quarta-feira, setembro 18, 2024
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Um problema de educação, não de segurança

Mais do que em outras gerações, as transformações da sociedade ficam cada vez mais facilmente perceptíveis. A maior exposição das pessoas através das redes sociais, as manifestações mais claras de pensamento, os comportamentos menos repressivos, tudo contribui para que se identifiquem claramente os valores morais e éticos dos jovens, que demonstram insensibilidade em relação aos velhos padrões e tentam colocar uma nova forma de comportamento pretensamente libertário. Nem sempre conseguem, e acabam sendo vítimas de uma desestruturação que lhes impõe pesados ônus, como a falta de identidade pessoal, ou lhes tolhe a individualidade em nome de uma tribo uniformizada e inerme.

O comportamento dos jovens desde sempre foi marcado pela rebeldia, pela quebra de paradigmas, insuflado pela busca constante de transformação e de construção de um mundo novo. Canalizada de forma positiva, esta impetuosidade adolescente é capaz de produzir uma geração ativa, consciente e crítica.

Caso contrário, florescem formas violentas de comportamento agressivo, de rompimento de padrões sem colocar nada no lugar. O resultado é o que se pode verificar hoje no ambiente escolar, marcado pela desrespeito aos professores, pela falta absoluta de limites, pelo ímpeto de destruição, pela desvalorização da vida, num caminho autodestrutivo que levará a um traçado sem volta que bloqueará todas as oportunidade de realização.

O prefeito Gustavo Stupp anunciou na última semana sua disposição de colocar câmeras de segurança nas escolas, a começar pela estigmatizada unidade do Jardim Planalto. É uma tentativa de dar resposta aos registros de violência em sala de aula, de brigas entre alunos e a constante depredação da escola. Sem dúvida, é uma medida que pode contribuir para a redução de ocorrências, mas apenas serve como fator intimidador. O cerne do problema vai muito além do policiamento e da vigilância.

A falta de professores, a desmotivação, os problemas sociais que cercam aquela população, são questões que vão além da disposição política de resolver tudo com uma canetada, uma única providência. Há tempos que a escola perdeu o condão de ser um ambiente de formação, de lapidação de talentos e de distribuição de oportunidades.

Transformaram-se em locais onde as mães deixam os filhos na esperança de que alguém lhes dê mais que a formação acadêmica, que, a rigor, deixa a desejar no que excede a dedicação e empenho de professores e funcionários da Educação. O que mais se pode esperar de uma geração inteira senão a alienação, a falta de perspectiva e a revolta violenta que só leva à destruição?

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