sábado, novembro 23, 2024
INICIAL☆ Capa EntretenimentoUm “racha” de automóvel há 86 anos em Mogi Mirim

Um “racha” de automóvel há 86 anos em Mogi Mirim

Na infância do automóvel em Mogi Mirim já ocorriam os famosos “rachas” e também chamados “pegas”. Esses desafios na década de 1920, do século passado, eram conhecidos com os nomes de “disputas de corrida” ou “desafio de velocidade”.

Numa daquelas antigas reuniões familiares, meu saudoso pai contou que em 1929 combinou com seu amigo Caetano Zani um desafio de velocidade, com seus carros Chevrolet e Ford. O ponto de partida era ao lado do Posto Romanello, à Praça Rui Barbosa, e a linha de chegada foi estabelecida ao lado da Matriz de Mogi Guaçu, num percurso com cerca de oito quilômetros de estradas de rodagem e que na época era de chão batido e apedregulhada em alguns trechos.

Foi estabelecido que o primeiro a chegar no local designado conquistaria o prêmio, definido como duas dúzias de cerveja e pago pelo perdedor. Os dois motoristas, Nelson e Caetano, na época tinham 17 anos e estavam entre os 20 primeiros aspirantes a conquistar carta para dirigir em Mogi Mirim, expedida pela Prefeitura e com autorização de seus pais.

Acertados o dia e hora da disputa, Caetano Zani compareceu com seu Chevrolet modelo canadense e chapa 5-A. Nelson Patelli (meu pai) colocou-se na linha de partida com seu Ford modelo Bigóde, chapa 85-A. Dois fiscais foram nomeados: Benedito Caccavaro (pai do Mauro), que viajaria ao lado do Caetano, e Adalberto de Souza Franco (pai do Souzinha e do Noio), que acompanharia Nelson. O tiro de partida seria dado por Adalberto Miranda.

Cerca de duzentas pessoas acompanhavam os preparativos e quando foi iniciada a disputa dividiram-se na torcida com gritos de incentivo aos competidores.

Pé no acelerador e os dois carros praticamente alinhados contornaram a Praça da República (atual Praça Rui Barbosa), percorreram a Rua José Bonifácio e alcançaram a Rua do Tucura em direção à estrada interna entre Mogi Mirim e Mogi Guaçu. Quando chegaram na rodovia, Caetano tomou a dianteira e em seguida lançou mão de um engenhoso ardil: jogou na estrada um galho de árvore amarrado a uma corda e que levantou intensa poeira, ofuscando a visão de Nelson, que teve grande dificuldade para enxergar a pista. Mesmo assim, imprimiu o máximo de velocidade em seu Ford Bigóde e logo na subida do Morro Vermelho ultrapassou seu oponente.

Caetano não se deu por vencido e nos quilômetros finais novamente passou à frente. Dai em diante as posições alternaram-se por diversas vezes e a disputa ficou mais acirrada, até chegar às proximidades do antigo Pontilhão da Companhia Mogiana.

Naquele momento, os dois automóveis estavam par a par, roda a roda, centímetro a centímetro, e no ardor da disputa só notaram o estreito pontilhão da estrada de ferros há poucos metros. Desesperados, acionaram os freios, mas já era tarde! Os dois carros entalaram no pontilhão!!! Um grande estrondo, acompanhado de enorme nuvem de poeira, marcaram o fim inglório da disputa, que acabou não tendo vencedor e nem prêmio das cervejas. Muito pelo contrário, os dois competidores tiveram que arcar com as despesas para consertar seus carros e ainda reparar os danos causados no torto pontilhão da Companhia Mogiana e que quase conseguiram endireitar!

Felizmente os dois motoristas não sofreram ferimentos graves, apenas arranhões. Mas o mesmo não aconteceu com um dos fiscais acompanhantes, Adalberto de Souza Franco, que fraturou seu braço direito.

E assim terminou sem vencidos ou vencedores um dos mais famosos “rachas” acontecidos em Mogi Mirim. Há exatamente 86 anos, em 1929!

Túnel do Tempo: dia nove de novembro de 1947 – Nas eleições realizadas nessa data, João Missaglia foi eleito prefeito de Mogi Mirim. Candidato da coligação PSD/PTN/PTB, conquistou um total de 2.880 votos.

Preceitos Bíblicos: “Irmãos: Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus, que não poupou seu próprio Filho e o entregou por todos nós, como não daria a nós tudo junto com Ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? (Romanos 8,31-33)

Legenda da foto – Motoristas mogimirianos em 1954: Ataíde, Ieié, Zé Ribas, Fiori, Vicente Niéri, Cassimiro, Beija-flor, Adalberto Franco, Lázaro Melo, Lino Melo (sentado) e a direita Nelson Patelli (meu pai), em uma de suas costumeiras brincadeiras, apontando um revolver de brinquedo e “prendendo” seus colegas motoristas. Ao fundo o Posto Romanello e a casa e consultório do Dr. Quinzóte.

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