No Brasil, o apressado e desordenado crescimento dos municípios dá pouco espaço para a reflexão da importância da preservação de bens que retratam um passado distante e implicam na perda de referenciais arquitetônicos com as inevitáveis transformações urbanas. A memória de um povo está diretamente ligada à preservação de seu patrimônio histórico e cultural.
Prestes a completar seus 245 anos, Mogi Mirim, que possui uma extensa e rica história cultural, começa a caminhar no sentido de estabelecer normas para a preservação de imóveis que possam ter relevância para a comunidade.
A proposta do Centro de Documentação Histórica Joaquim Firmino de Araújo Cunha (Cedoch) para instituir um Centro Histórico, de modo a disciplinar demolições ou reformas tanto em imóveis públicos quanto privados, é um enorme avanço, dois anos após a cidade assistir passivamente a ruína de um de seus mais importantes patrimônios culturais.
A área abrange diversos bens públicos, como o Teatro de Arena e a antiga Estação de Tratamento de Água, onde hoje funciona a Banda Lyra; o estádio Romildo Vitor Gomes Ferreira; a Praça Rui Barbosa e a Matriz de São José; a Santa Casa de Misericórdia; a Matriz de São Benedito; o Paço Municipal; a Estação Educação, que antes era a estação central de trem; o Rio Mogi Mirim, dentre outros.
A demolição do Casarão Amarelo, que era localizado na esquina das ruas Chico Venâncio e Acrísio Gama e Silva, ao lado da Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho, deixou inúmeros ensinamentos à população, que, de um modo geral, sempre espera o pior acontecer para se manifestar e mobilizar para defender algo que considera ser certo.
A situação pôde ser vista em 2012, quando em pleno aniversário da cidade, no dia 22 de outubro daquele ano, o proprietário do imóvel decidiu demolir algo que, sem nenhum tipo de incentivo municipal, estava ocioso. A partir daí, a comoção foi geral e as reprovações foram inúmeras.
Agora, cabe ao poder público demonstrar interesse e incluir a sugestão no Plano Diretor Municipal, que é o instrumento de política de desenvolvimento e regulatório do planejamento de uma cidade. Mas só isso não basta. É preciso que essas diretrizes específicas sejam acompanhadas de ações concretas para garantir a proteção do patrimônio histórico, muitas vezes esquecido.