sábado, abril 19, 2025
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Um treinamento questionável

As denúncias contra a atual gestão estão em ordem crescente. Cada investigação aberta pelo Ministério Público é um ponto a mais para o descrédito do prefeito Gustavo Stupp (PDT). Na última semana, o ex-secretário de Governo, Gabriel Mazon Tóffoli, foi o protagonista da vez.

Uma representação anônima levou a Promotoria de Justiça a instaurar um inquérito civil para apurar um treinamento que Mazon fez junto à empresa ‘Conexão de Um Líder Treinamentos e Consultoria Ltda. Me’, mais conhecida como LT, no valor de R$ 1.690,00, com dispensa de licitação.

O curso foi pago com dinheiro público. A prática, um ato claro de improbidade, já que o treinamento não possui vínculo com a atuação de um funcionário em cargo comissionado, foi refutada pela Prefeitura que alegou ter contratado os serviços desenvolvidos pela Nova Conexão para aperfeiçoamento profissional do ex-secretário de Governo.

Ora, se os treinamentos – leader training, renascendo com amor, transcendendo limites, entre outros – visam fundamentalmente o desenvolvimento do autoconhecimento humano, qual então o benefício desse curso para a esfera pública? Se uma pessoa é indicada para ocupar um cargo de alto escalão dentro de um governo, presume-se que ela já tenha o mínimo de liderança. Caso contrário, não seria apta para estar ali.

Essa mesma lógica pode ser levada para dentro de uma empresa particular. Se um funcionário de uma multinacional chega ao cargo de gerente, entende-se que ele tenha, entre outras habilidades, um conhecimento da Língua Inglesa. Não seria lógico colocá-lo nessa posição e somente depois pagar um curso de línguas.

O treinamento é tão questionável porque nem mesmo Mazon lembrou-se, de imediato, do curso quando foi questionado por O POPULAR sobre o assunto. O fato de que próprio prefeito teria convidado o ex-secretário para participar dessa experiência na Nova Conexão colabora ainda mais para a tese de uma possível troca de favores.

Assim como demais autoridades políticas da cidade, Stupp já fez esse treinamento. Inclusive, um projeto de lei, de sua autoria, queria autorizar a Prefeitura a doar uma área de 33 mil metros quadrados, de propriedade do Município, à empresa. A polêmica foi tamanha que a repercussão negativa levou o proprietário da Nova Conexão a desistir do terreno.

Sabe-se que houve esse pagamento do curso para um comissionado. Mas, e os demais que fizeram? Será que o prefeito também não poderia ter convidado outros secretários e até vereadores da base aliada? Também é inaceitável que um ex-secretário de Governo afirme não ter conhecimento da origem do dinheiro, justificando não saber que o processo todo seria feito por meios públicos.

Isso mostra o quão não estava a par de suas funções. Os danos aos cofres públicos e à coletividade são evidentes. Infelizmente, uma boa administração pública tornou-se exceção à regra.

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